Não há como ignorar que a educação inclusiva e voltada para crianças com algum tipo de deficiência física ou mental é realidade no Brasil.
Ainda que em processo de aperfeiçoamento e experimentação, quase todas as prefeituras do ABC possuem projetos de atenção aos estudantes com autismo, síndrome de Down, paralisia infantil, dificuldades auditivas, visuais e de locomoção e outras dificuldades, sempre na perspectiva da inclusão no ensino regular.
De uma forma geral, as secretarias municipais de educação apostam em
grupos de profissionais especializados em educação inclusiva que fazem
atendimento itinerante, uma a duas vezes por semana, aos professores com
alunos especiais em sala de aula. São Bernardo, São Caetano e Diadema já podem atender alunos em todas as unidades municipais.
Nas salas de aula, um estagiário ou auxiliar de professor, enviado pelo
programa, acompanha a criança nas tarefas. “Nosso projeto é voltado
para o desenvolvimento da autonomia do aluno”, explica Cecília de
Oliveira Prado, chefe de Divisão da Educação Especial de São Bernardo.
Cecília conta que o tempo que o cuidador fica com o
aluno depende do grau de comprometimento da realização de atividades
corriqueiras, e isso é avaliado pelos professores com formação
específica que fazem o atendimento itinerante. O grupo também monta
planos pedagógicos individualizados para cada área de deficiência.
Formação incompleta
“Muitos professores reclamam que não têm formação pra isso, mas não
existe um curso que prepare o professor para incluir, assim o processo
formativo acontece a partir da chegada da criança”, diz Cecília sobre a
formação dos professores da rede municipal, que primeiro recebem o aluno
especial em sala, para depois se informar e receber assistência.
Fernanda Sanmarone, diretora da Escola Paulista de Educação Especial,
em São Bernardo, afirma que a formação deve ser contínua, porém desde o
início. “Não pode incluir depois formar. O professor precisa ter
formação desde o começo, mas na prática é totalmente diferente e ele
continua aprendendo”, analisa a diretora da Escola Paulista.
A mantenedora do Núcleo Terapêutico CrerSer,
também em São Bernardo, Mariana Martin Bianco, critica o curso superior
de Pedagogia. “Na faculdade não temos respaldo sobre o assunto e na
pós-graduação só recebemos teoria”, reclama.
“A maioria dos professores
está buscando informação por conta própria e aceitando este aluno do
jeito que dá”, conta. Rio Grande da Serra não respondeu ao
questionamento do Repórter Diário.
Especialistas sugerem parcerias
É consenso entre Mariana Martin Bianco e Fernanda Sanmarone que a
aliança entre educação regular e especializada pode dar certo.
“A ideia
de escola de apoio favorece o social e reforça algumas especificidades”,
explica Mariana. Fonoaudiologia, Fisioterapia, Psicologia, Terapia
Ocupacional e Musicoterapia são algumas delas.
Fernanda explica que a escola especial dá aparato para as regulares.
Uma dica, segundo a diretora, é fazer parte das parcerias entre governos
estaduais e municipais e escolas particulares, que geram redução nas
mensalidades.
Santo André e São Caetano complementam o turno regular com atenção
especializada nas Salas de Recursos Multifuncionais, que atendem
deficiências específicas, como as visuais. São Bernardo tem a Escola
Polo Para Alunos Surdos para os pais que optarem por este processo. Mauá
tem cerca de 12 escolas polo.
Santo André mantém, ainda, convênio com a Fundação de Medicina do ABC,
para que profissionais da área da saúde integrem o trabalho
multidisciplinar nas unidades municipais.
Outra frente são as avaliações
multidisciplinares e os atendimentos clínicos, com fonoaudiologia,
psicologia, orientação familiar e psicopedagogia.
O mesmo serviço é
feito no CAEM (Centro de Atendimento Educacional Multidisciplinar).
Outro convênio permite curso de pós-graduação para o magistério na
Fundação, com especialização na área de inclusão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário