Dizer que a prática de esportes é muito importante para as pessoas de
todas as idades é chover no molhado. Já está mais que comprovado que
praticar esportes com regularidade traz inúmeros benefícios para a saúde
física e mental dos praticantes, além de melhorar a qualidade de vida.
Para as pessoas com deficiência, praticar esportes pode representar
muito mais que saúde.
São vários os aspectos positivos. O esporte melhora a condição
cardiovascular dos praticantes, aprimora a força, a agilidade, a
coordenação motora, o equilíbrio e o repertório motor. No aspecto
social, o esporte proporciona a oportunidade de sociabilização entre
pessoas com e sem deficiências, além de torná-lo mais independente no
seu dia a dia. Isso sem levar em conta a percepção que a sociedade passa
a ter das pessoas com deficiência, acreditando nas suas inúmeras
potencialidades.
No aspecto psicológico, o esporte melhora a autoconfiança e a
autoestima, tornando-as mais otimistas e seguras para alcançarem seus
objetivos. “O esporte é muito importante para o sentimento de que tudo é
possível dentro das minhas limitações e adaptações para execução
daquilo que desejo fazer ou praticar”, explica Ademir Cruz de Almeida,
presidente da ABDF (Associação Brasileira de Desportos para Deficientes
Físicos) e da WAFF (World Amputee Football Federation).
Patrícia Camacho (na foto acima), coordenadora de projetos da Ciedef (Associação
para a Integração Esportiva do Deficiente Físico), é da mesma opinião.
“Além dos ganhos físicos, a prática esportiva é uma forma de interação
social, de ultrapassar limites e consequente melhora da autoestima e
posicionamento da pessoa com deficiência na sociedade.”
Foi um pouco do que aconteceu com Ademir, que pratica esporte há 22
anos. “Além de melhorar a autoestima e a confiança em nós mesmos, o
esporte traz o sentimento muito favorável de que podemos realizar muitas
coisas.”
O
presidente da ABDF conta também que já praticou natação, voleibol
sentado, atletismo e, atualmente, se dedica ao futebol para amputados,
que ainda não é uma modalidade paraolímpica, mas é uma prática em que o
Brasil se destaca e é tetra-campeão. Sua relação com o esporte começou
com um convite de um preparador físico que o estimulou a nadar. Chegou a
praticar as atividades junto com pessoas sem deficiência e
posteriormente resolver se dedicar ao paradesporto.
“Hoje, sonho que o futebol para amputados se torne paraolímpico um dia.
Essa modalidade já me proporcionou vários momentos inesquecíveis na
minha vida e oportunidades de crescimento cultural, social, político
etc. Tudo o que tenho hoje foi graças ao paradesporto”, orgulha-se.
Esporte para todos?
Todas as práticas esportivas devem ter um acompanhamento médico. Essa é
uma regra que vale para qualquer pessoa. Caso a pessoa tenha, por
exemplo, alguma doença ou limitação cardíaca, respiratória ou
circulatória, é fundamental que um médico avalie os riscos da prática
esportiva. “É fundamental ter condições físico-motoras para desenvolver a
atividade escolhida e estar sob orientação de um profissional
especializado”, explica Patrícia.
Ademir também sugere que o interessado escolha, de acordo com as suas
limitações, a atividade física que melhor pode ser desempenhada. Após
estas etapas, é importante procurar os clubes, associações e academias
que trabalham com a modalidade pretendida.
Modalidades
São vários os esportes praticados em todo o mundo e novidades sempre
surgem nessa área. No Brasil, as mais comuns são: Natação, Atletismo,
Basquete em cadeiras de roda, Voleibol sentados, Futebol de cinco,
Futebol de Paralisados Cerebrais, Tênis, Tênis de mesa e Bocha. “Todos
os esportes têm uma série de adaptações e regras específicas. Além
disso, existem dentro das mesmas modalidades classificações funcionais,
para dar condição de igualdade e competitividade”, explica Ademir.
Esportes mais comuns por tipo de deficiência:
Pessoas com deficiência visual: atletismo, ciclismo, futebol, judô, natação, goalball, hipismo, halterofilismo e esportes de inverno.
Pessoas com deficiência auditiva: atletismo,
basquetebol, ciclismo, futebol, handebol, natação, vôlei, natação, e
muitas outras (quase as mesmas das pessoas sem deficiência, pois não
existem grandes limitações dos deficientes auditivos).
Pessoas com deficiência física:
atletismo, arco e flecha, basquetebol em cadeira de rodas, bocha,
ciclismo, esgrima em cadeira de rodas, futebol para amputados e
paralisados cerebrais, halterofilismo, hipismo, iatismo, natação, rugby,
tênis em cadeira de rodas, tênis de mesa, voleibol sentado e para
amputados e modalidades de inverno.
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