26 de abr. de 2013

Aposentadoria de cães-guias preocupa pessoas com deficiência visual

Cão-guia
Pessoas com deficiência visual que possuem cão-guia no Brasil estão enfrentando uma situação que as deixa em pânico: o envelhecimento dos companheiros e a consequente necessidade de aposentá-los. 

O problema é que, com isso, terão de enfrentar longas filas de espera para ter um novo "orientador".

No Brasil, há cerca de 80 pessoas com deficiência visual com cães-guia. Quase todos os bichos, segundo o Instituto Íris, de apoio aos deficientes visuais, são de outros países, sobretudo dos Estados Unidos.
Apesar de haver tentativas nacionais de formação de animais, elas esbarram na falta de boas linhagens e de treinamentos corretos.

Projeto do Sesi-SP criado no ano passado para entregar 32 cães-guias, por exemplo, enfrentou problemas na formação. A perspectiva, agora, é que apenas 11 cachorros estejam preparados para trabalhar, até o meio deste ano.

Como grupos de cegos trouxeram seus cães de fora quase ao mesmo tempo, com ajuda de instituições nacionais e internacionais, agora há o problema do envelhecimento dos cães, que devem trabalhar por, no máximo, oito anos.
Sofrimento duplo

Alberto Pereira, 36, do Instituto Laramara, trouxe o labrador amarelo Simon dos EUA há seis anos. O cão está com nove anos e dá sinais de cansaço. Aos poucos, está parando de trabalhar.

"Está sendo muito difícil para mim ter de levar o dia a dia sem a ajuda do Simon, mas ele já está com problemas na visão, fica cansado muito rápido. É um sofrimento para mim e para ele."

Os cães treinados conseguem desviar os cegos de obstáculos, atravessá-los na rua com segurança, encontrar caminhos e dar-lhes mais autonomia de ir e vir.

Misty, o "anjo de quatro patas" da professora Olga Solange Herval Souza, 53, foi trazida de Nova York há nove anos. Está bem de saúde, mas a dona está preocupada. "Uso transporte público e enfrento a rua ao lado da Misty, que tem dez anos. Fico sempre tensa e ansiosa porque não sei como ela irá acordar amanhã", afirma.

O Instituto Íris arrecada fundos para levar pessoas aos EUA para que consigam cães, mas o processo é demorado. A fila de espera tem 4.000 inscritos. O treinamento de um cão no exterior custa R$ 40 mil.

Fonte: Folha

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