É das tecnologias mais recentes que surge um novo caminho para melhorar a comunicação dos autistas: aplicativos executados
em tablets têm gerado transformações importantes na maneira como
crianças com autismo se comunicam.
"Meu filho não fala nenhuma palavra ainda, mas a comunicação visual melhorou muito. Passou a prestar atenção em tudo, antes mal olhava nos meus olhos! Está mais carinhoso e atento com os familiares", conta a bióloga Daniela Bolzan, 29, mãe de Gabriel, 4.
A tela sensível ao toque é de fácil uso, estimula a concentração (difícil para esses pacientes) e chama atenção com
cores e animações. "Tanto profissionais quanto familiares podem usar o
tablet e os estudos têm mostrado que o aparelho é eficaz", diz o
psiquiatra Estevão Vadasz, coordenador do Programa de Transtornos do Espectro Autista do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo.
Jogos e exercícios se tornam complemento das terapias realizadas com profissionais. Não há contraindicação: crianças de qualquer idade podem se beneficiar dos gadgets.
Jogos e exercícios se tornam complemento das terapias realizadas com profissionais. Não há contraindicação: crianças de qualquer idade podem se beneficiar dos gadgets.
O jornalista Paiva Junior, 36, tem um filho autista, hoje com cinco anos, e descobriu nos tablets uma forma de fazê-lo se interessar por assuntos considerados meio "chatos", como a aprendizagem de letras e primeiras palavras. "A coordenação motora dele também melhorou muito", diz.
O contato com outros pais o levou a criar um curso, há seis meses, para ajudar as famílias de autistas a usar o gadget de forma mais eficaz. Os pedidos para curso crescem cada vez mais: Paiva Júnior tem workshops agendados na capital e no interior de São Paulo e em outras cidades do Brasil.
Até a Apple, fabricante do iPad, percebeu a demanda e incluiu um recurso direcionado para autistas no sistema IOS 6, lançado no ano passado. O acesso guiado permite aos adultos que bloqueiem teclas e restrinjam o uso do tablet enquanto a criança faz os exercícios no aplicativo.
Isso impede, por exemplo, que a pessoa "fuja" para o YouTube durante uma atividade. "Como a dificuldade de concentração é forte, esse é um recurso excelente", avalia Paiva Junior.
Especialistas e pais de autistas lembram que o tablet, sozinho, não faz mágica. É preciso supervisão durante as atividades. Eles recomendam que a criança use o equipamento de uma a duas horas ao dia, de preferência antes do jantar, porque a luminosidade da tela pode atrapalhar o sono.
Outra dica valiosa é testar, também, produtos que não sejam específicos para autistas. Veja, abaixo, algumas sugestões de aplicativos:
Aplicativos bacanas que não são específicos para autistas
- Story creator (gratuito) – ajuda a abordar questões comportamentais e sociais. O app permite à criança criar um livro, com imagens e legendas, que pode ser usado para explicar a ela como se comportar numa festa de aniversário, por exemplo, ou ajuda-la a contar como foi seu dia.
- Touch and learn - emotions (gratuito) - ajuda a ensinar a lidar com emoções e é bem útil para a criança entender e aprender a expressar emoções ou saber as emoções dos outros.
- Apps Tocaboca (US$ 1,99 cada) – os criadores suecos chamam esses aplicativos de brinquedos digitais. A criança brinca, aprende e interage nos jogos criados para duas pessoas.
- Liglig learn (em português, US$ 1,99) – boa ferramenta para alfabetização e escrita, tem três níveis para associação de figuras com palavras
- 123 Kids Fun Games (US$ 2,99) – interessante para o aprendizado de letras, números e formas de maneira lúdica.
- Que-fala (gratuito) – aplicativo criado para pessoas com dificuldade de comunicação. Apresenta imagens e respectivas palavras com áudio, que podem ser personalizadas (com fotos de parentes, por exemplo). Ajuda na formação de frases.
Específicos para autistas
- Smart Ears (de R$20 a R$100): A fonoaudióloga brasileira Bárbara Fernandes desenvolveu apps em português para uso com pais e profissionais.
- Em inglês: o portal autismspeaks.org traz várias dicas de aplicativos específicos para autistas.
Fonte: UOL
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