"Agora, estou muito feliz. É um direito não só meu, mas de toda pessoa
com deficiência que quer participar", disse a universitária Aline
Santos, 20 anos, que vai poder ser acompanhada pela mãe durante o
programa de intercâmbio Ciência sem Fronteiras nos Estados Unidos.
Na última semana, ela obteve uma resposta positiva para o pedido que estava em análise pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), fundação do Ministério da Educação.
Aline é estudante do sexto período de biologia, da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-Minas), em Belo Horizonte.
Ela tem limitações motoras causadas pela atrofia muscular progressiva tipo 2,
diagnosticada na gravidez da mãe. Hoje, se locomove em uma cadeira
motorizada e requer cuidados diários, como auxílio na higiene íntima, na
alimentação e massagens para reduzir o risco de trombose.
No dia 15 de agosto, mãe e filha embarcam para um período de um ano e seis meses no exterior. As passagens já estão compradas.
“É uma conquista muito grande. Não só para ela, mas para outros
estudantes com deficiência”, falou Rosemary Castro, 54 anos.
A dona de
casa diz que está preparada, mas com um “frio na barriga”. Ela não
domina o idioma estrangeiro e vai deixar no Brasil o filho de 25 anos –
que também possui a mesma deficiência – e o marido. O jovem, formado em
Ciências da Computação e pós-graduando em jogos digitais, trabalha e
leva uma vida mais independente.
Desde a aprovação no programa Ciência sem Fronteiras, a universitária
esperava uma resposta favorável.
De acordo com Aline, durante a
inscrição, ela declarou ter uma deficiência física e, em uma das etapas,
no início do ano, informou que precisava de acompanhante. Contudo,
somente na quinta-feira (26), recebeu um comunicado da Capes, estendendo
o financiamento da viagem também à mãe.
De acordo com a estudante, a mensagem diz que a Capes contatou o
Instituto Internacional de Educação e a Universidade de Kentucky para
garantir “o melhor acompanhamento e infraestrutura possíveis” durante os
estudos.
Segundo o comunicado, a mãe terá direito, durante todo o
período de bolsa de intercâmbio, a passagens áreas de ida e volta,
hospedagem no campus no mesmo quarto da bolsista e alimentação em plano
idêntico ao da bolsista.
Nesta segunda-feira (28), a Capes informou, por meio da assessoria, que
concedeu o direito a acompanhante e confirmou os benefícios oferecidos.
Ainda segundo a fundação do Ministério da Educação, a bolsa, conforme o
edital do programa, é destinada ao estudante, mas, casos excepcionais
sempre foram avaliados. Todo o apoio ao bolsista no exterior é feito
pelo governo brasileiro, conforme afirmou a Capes.
"Quero aproveitar o máximo, aprender muita coisa nova e depois voltar
para o Brasil e aplicar o conhecimento aqui", disse Aline.
A estudante
está otimista com a possibilidade de adquirir novos conhecimentos e ter
contato com uma cultura diferente.
A qualificação no exterior faz,
segundo ela, parte do sonho de se especializar em doenças degenerativas.
Fonte: G1
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