Desde a descoberta das vacinas, há três séculos,
conseguimos prevenir doenças infectocontagiosas – algumas, até fatais.
A
varíola foi erradicada no mundo e não há casos de paralisia infantil
por poliomielite na América, por exemplo.
A incidência de sarampo, que
era uma das principais causas de mortalidade infantil nos anos 1980,
diminuiu significativamente. E mesmo diante desses benefícios, ainda há
famílias que se recusam a vacinar seus filhos.
Um dos motivos que justificaria essa postura é o temor de que o risco de autismo aumente.
O boato foi disseminado em 1998, quando foi publicada na revista
científica Lancet uma pesquisa que associava a vacina tríplice viral e a
de sarampo com a predisposição ao transtorno.
“Nunca essa relação foi
realmente provada. Existe apenas este único estudo, que traz dados
fraudados e uma série de falhas. Todas as pesquisas seguintes apontaram o
inverso: não há risco de autismo por causa de vacina”, esclarece Marco
Aurélio Safadi, infectologista do Hospital São Luiz (SP).
O médico que escreveu o trabalho foi impedido de continuar exercendo
sua profissão. Já a Lancet precisou se retratar diante da comunidade
científica.
E as provas de que não há perigo em vacinar seu filho continuam
surgindo. Um estudo da instituição americana RAND Corporation,
encomendado pelo governo dos Estados Unidos, revisou mais de 20.000
pesquisas sobre o assunto e constatou que não há a ligação entre
vacinação e autismo.
De acordo com os cientistas, existem casos raros
em que a imunização traz efeitos adversos – ocorrem só em parcelas muito
pequenas da população.
Como exemplo, há a vacina contra meningite, que
pode causar alergia severa em crianças sensíveis aos componentes da
fórmula.
Além dela, a que previne poliomielite é capaz de elevar o risco
de alergias alimentares em pessoas com esse histórico familiar ou com
dermatite atópica.
Mas atenção: isso não deve ser motivo para descuidar da carteira de
vacinação da criança.
“Nada justifica não imunizar os filhos. O risco de
ter algum efeito adverso é menor do que o de contrair a doença.
Qualquer produto, não só as vacinas, pode trazer alguma reação forte:
alimentos e remédios, por exemplo”, afirma Ricardo Cunha, médico
sanitarista responsável pelo setor de vacinas do Delboni Auriemo
Medicina Diagnóstica (SP).
Além de proteger a saúde do seu filho, imunizá-lo é também importante
para o bem-estar da sociedade.
Se a cobertura vacinal for grande,
dificilmente as doenças ressurgirão. Seja responsável e,
independentemente da idade, mantenha a carteira de vacinação da família
atualizada. O mundo depende da consciência de cada um.
Fonte: Revista Crescer
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