Digitar no computador, fazer uma ligação telefônica, ler um texto e
ministrar aulas podem ser tarefas fáceis para muitas pessoas, mas para a
jovem Francisca Josefa de Araújo,30 anos, realizar estes afazeres são
sinônimos de força de vontade para enfrentar as dificuldades desde pequena.
A jovem natural de Simões do Piauí, a 227 Km de Teresina, é vítima da anoftalmia bilateral e amaurose, doenças congênitas que causam a perda da visão.
E, apesar das dificuldades e da necessidade constante de adaptação,
Francisca Josefa, que sempre sonhou em ser professora, terá a
oportunidade de concretizar seu desejo porque foi aprovada em um
concurso público da Secretaria de Educação e Cultura do Piauí (Seduc)
para lecionar letras/português em Teresina.
“Estou muito feliz de ter conseguido mais essa vitória. Desde pequena
sonhei em ser professora. Lutei muito para conseguir estudar, enfrentei
as dificuldades que apareceram desde o ensino fundamental e até o ensino
superior. E nesta semana tive uma felicidade enorme ao ser aprovada no
concurso da Seduc. Quando assumi o cargo, darei o meu melhor para
repassar todo o conhecimento que venho adquirindo na área, tanto aos
alunos com deficiência quanto aos ditos normais. Tenho muita coisa
planejada, apenas esperando uma oportunidade”, contou.
No dia a dia, a deficiência não foi empecilho para a realização das
tarefas, mas atrasou o aprendizado da garota que aprendeu as primeiras
letras somente aos 13 anos.
“Eu tive que mudar para Teresina, onde
passei a mora na residência de irmãs durante três meses, depois meus
pais também mudaram para a capital e dai em diante comecei a estudar.
Para recuperar o tempo perdido estudei em ensino regulares e na educação
de jovens e adultos (EJA)”, revelou Francisca Josefa.
Com destreza e uma habilidade incomum, em 2006 ela realizou um concurso
público e foi aprovada para o cargo de telefonista, que ocupa até
hoje.
Depois continuou a luta em busca de um curso de letras português.
Em 2008, ela prestou seu primeiro vestibular e ingressou na Universidade
Estadual do Piauí (Uespi).
"Foi uma enorme alegria ser aprovada de primeira vez e estudar o que
tanto queria. Tomei gosto pela área bem cedo e fui muito incentivada por
uma professora. Tenho orgulho de ter conseguido ir até o final e os
frutos estão começando a ser colhidos”, diz a primeira colocada do
concurso público.
Para conseguir acompanhar o ritmo de curso de nível superior, ela teve a
auxílio de um monitor que fazia a leitura dos conteúdos. Além disso,
Francisca digitalizava os textos e para poder ouví-los através de um
programa que converte o conteúdo.
“Quando estudava no ensino fundamental
e médio, eu tinha o acompanhamento da Associação dos Cegos que ajudava a
colocar os textos em braile, no entanto, no curso superior isso era
mais difícil pela continuidade de assuntos, mesmo assim sempre tive o
apoio deles”, disse.
Agora, a jovem concursada afirma que não vai parar. Ela está se
especializando em literatura e estudos culturais e seus planos para o
futuro é continuar estudando e trabalhando.
Fonte: G1
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