Não importa se as mãos, inertes, não respondem aos comandos do cérebro.
A arte nasce do corpo do artista e não de um membro específico. Prova
disso é a exposição Pintura Sem Limites, que fica em cartaz até 29 de agosto no Sesc Carmo, na capital Paulista.
As obras têm temas e estilos variados. Em comum, apenas o fato de terem sido feitas por artistas com deficiência, que executaram os quadros com a boca ou os pés.
As 14 obras são de integrantes da Associação dos Pintores com a Boca e os Pés (APBP),
cujo objetivo é incentivar esses artistas por meio de bolsas de estudo
para que possam continuar se aperfeiçoando, além de fazerem a divulgação
dos trabalhos e assessoria.
Entre os destaques da mostra estão O Palhaço, pintado a óleo com o pé
por José Marcos dos Santos; Mulher Golfinho, feito com a boca por
Ronaldo Cupertino da Silva, que combina técnicas de desenho e pintura em
óleo sobre tela; e Minha Sogra, pintado com a boca em tinta acrílica
por Clêncio Ventura.
A exposição pode ser conferida pelo público em
geral, o que inclui pessoas com deficência visual, já que conta com
audiodescrição e legenda com caracteres ampliados.
A professora Daniela Caburro, integrante da APBP, é
tetraplégica e se dedica desde 1995 à pintura com a boca.
O Sesc Carmo não abre no feriado de 9 de julho e os horários de
funcionamento em dias de jogo do Brasil na Copa do Mundo estão sujeitos à
alteração.
Incentivo
A Associação dos Pintores com a Boca e os Pés foi criada em 1956 pelo
alemão Erich Stegmann, que pintava com a boca e resolveu reunir artistas
com deficiência física de oito países da Europa.
Sua intenção era
ganhar o próprio sustento por meio sua arte, por isso idealizou a
entidade que reproduz os trabalhos de seus artistas na forma de cartões,
calendários e outros produtos. Hoje integram a APBP cerca de 800
artistas de 75 países, incluindo o Brasil, que tem 48 membros.
Desde o início, Stegmann rejeitou que a entidade fosse considerada como
“de caridade”, palavra que para ele era tão abominável quanto “pena” e
“piedade”. O que ele sempre sonhou foi a inclusão dos artistas com
deficiência no mercado da arte.
Fonte: Rede Brasil Atual
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