Com atraso no desenvolvimento neuropsicomotor, Arthur Silva Nascimento, de seis anos, não andava antes de praticar a equoterapia, método terapêutico que utiliza o cavalo para reabilitar pessoas com deficiência física, paralisia cerebral, autismo, síndromes variadas, além de vítimas de AVC (Acidente Vascular Cerebral).
"Ele vivia curvado com o queixo no peito e só se arrastava no chão.
Graças à equoterapia, meu filho hoje anda e brinca com os colegas da
escola", conta a atendente Maria Aparecida Nascimento, 39 anos, mãe de
Arthur, que conseguiu andar com ajuda de um andador após um ano e meio
de terapia. Quando completou quatro anos e meio, ele já andava sem o
apoio.
Segundo Alessandra Vidal Prieto, fisioterapeuta da Associação Nacional de Equoterapia, em Brasília, "nenhum aparelho na melhor clínica do mundo produz uma resposta tão rica e rápida como o cavalo".
A fisioterapeuta explica que o animal, do ponto de vista motor, oferece
o movimento tridimensional, ou seja, a cada passo, a pessoa
movimenta-se para direita e para esquerda, para cima e para baixo, para
frente e para trás, ao mesmo tempo.
"As crianças que nunca tiveram oportunidade de andar vão se perceber
pela primeira vez em um movimento tridimensional, que é 95% semelhante
ao andar do homem. E assim elas têm a sensação de estarem realmente
andando. A gente brinca que são trocadas duas pernas paralisadas por
quatro patas móveis", diz a equoterapeuta Andrea Ribeiro, coordenadora
da Walking Equoterapia, em São Paulo.
A atividade exige a participação do corpo inteiro, contribuindo para o
desenvolvimento da força, tônus muscular, flexibilidade, relaxamento,
conscientização do próprio corpo, aperfeiçoamento da coordenação motora e
do equilíbrio, além do desenvolvimento na linguagem.
"A cada aula de 30 minutos, o praticante recebe cerca de 2.000 novos
estímulos cerebrais, que são enviados pela medula espinhal até o sistema
nervoso central. Nesse processo ocorrem as sinapses e a formação de
novas células nervosas. Após quatro meses, acontece uma mudança em toda a
arquitetura cerebral de tantas células nervosas que surgiram", explica
Andrea.
Todos esses ganhos são ainda mais potencializados com o acompanhamento da equipe multidisciplinar formada
por fisioterapeutas, fonoaudiólogos, psicólogos, pedagogos e
psicopedagogos, instrutores de equitação, além de um médico responsável
pelo centro de equoterapia.
Durante a aula, estes profissionais estimulam de forma lúdica os
exercícios. Foi dessa maneira que Amanda Oliveira Ribeir, de cinco anos,
aprendeu a falar aos dois anos e meio de idade, após seis meses de
tratamento.
"A melhora foi fenomenal. Antes, ela não falava e tinha o lado esquerdo
do corpo paralisado. Hoje, a gente brinca que ela fala mais do que a
boca. Ela se locomove com a ajuda de um andador, após dois anos de
tratamento. E tenho esperança de que ela um dia vá andar", afirma
Vanilda de Oliveira, de 46 anos, mãe de Amanda.
Após a aula, a criança alimenta o cavalo e o leva de volta à baia. Ou seja, aquele que é cuidado passa a cuidar.
A facilidade de criar vínculo afetivo com um animal ao mesmo tempo tão dócil e poderoso é outra vantagem do tratamento.
Existe uma frase que é muita conhecida por pessoas que trabalham com
equitação e é atribuída ao comportamento dos cavalos: "eu te aceito do
jeito que tu és", diz Andrea. Uma lição que todos nós deveríamos
propagar.
Onde encontrar a equoterapia?
São 300 centros de equoterapia espalhados pelo país, onde já foram
atendidos 60 mil praticantes, de acordo com a Associação Nacional de
Equoterapia. Em Brasília, na sede, as aulas são gratuitas; nas outra
unidades é preciso verificar.
Algumas escolas são pagas e outras, como a Walking Terapia, oferece 70%
das aulas gratuitamente. Os outros 30% pagam pelo serviço, que custa R$
360 por mês. Para não aumentar a fila de espera, a Walking e muitos
outros centros disponibilizam cartas de apadrinhamento, que podem ser
pagos por empresas ou pessoas físicas.
É importante que o centro tenha um médico responsável (muitos não têm)
para fazer uma avaliação rigorosa na criança, já que há contraindicação
nos casos de epilepsia, luxação de quadril, doenças degenerativas,
osteoporose grave, entre outros.
Abaixo, veja a lista de sites de alguns centros especializados. No site
da Associação Nacional de Equoterapia há uma lista completa dos
filiados de todo o Brasil.
Walking Terapia, em São Paulo (SP)
Fundação Rancho GG, em Ibiúna (SP)
Centro de Equoterapia e Reabilitação da Vila Militar, no Rio de Janeiro
Centro de Equoterapia de Varginha- Mundo Equo, em Minas Gerais
Associação Baiana de Equoterapia, em Salvador (BA)
Fonte: UOL
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