Natache Iamayá não é o tipo de pessoa que se dobra às dificuldades. Aos 32 anos, a carioca convive com os efeitos da ataxia de Friedreich,
uma doença neurodegenerativa que afeta os nervos e alguns órgãos.
Mas
isso não a impede de fazer nada do que tem vontade, mesmo com as
limitações impostas pelo corpo. Cadeirante, ela é candidata ao concurso Nova Musa do Toplessaço
— cujas inscrições terminam no próximo dia 15 — e foi a primeira a se
inscrever para a competição. Uma lição para este 3 dezembro, Dia Internacional das Pessoas com Deficiência.
Com a participação no evento, a jovem pretende mostrar que as pessoas
com deficiência não devem ser tratadas com piedade e são capazes de
muito mais do que todos costumam imaginar.
“Eu malho e uso todos os
aparelhos. Eu faço natação, eu vou à praia. Gosto de dormir na casa de
amigas. Eu viajo e faço tudo. Coisas que as pessoas acham que eu não
consigo”, disse.
A independência de Natache chamou a atenção fotógrafo e artista
plástico austríaco Alan Smithee e da organizadora do concurso, Ana Paula
Nogueira.
Ambos se ofereceram para fazer um ensaio sensual com Natache,
que foi produzido na última sexta-feira (28), na Praia da Macumba, na
Zona Oeste do Rio. "Curti 'super', mas fiquei com vergonha. Já tinha
feito outros ensaios, outros trabalhos, mas nunca sensual", disse
Natache.
"Eu achei que ela precisava de um olhar mais artístico e contatei
alguns fotógrafos com quem eu trabalhei e achei que o Alan, que faz
fotos ligadas a artes plásticas, teria o olhar que eu queria", explicou
Ana.
Frequentadora das areias do Recreio
Fã de praia, ela costuma frequentar a orla do Recreio dos Bandeirantes,
na Zona Oeste do Rio, bairro em que mora. Lá, ela bate ponto todo fim
de semana. Definido como “o lugar que mais ama no mundo”, ela foge do
perfil contemplativo. “Eu costumo ficar na areia e, quando tem alguém
para entrar comigo, eu vou para o mar”.
Natache também costuma frequentar o calçadão durante a semana, para encontrar os amigos nos quiosques e jogar conversa fora.
Filha de uma família com mais três irmãos, Natache foi obrigada a
trancar o curso de direito há cinco anos por causa dos efeitos da
doença, para tratar da saúde.
“Era uma época que eu tinha muita
dificuldade de andar sozinha. Foi quando comecei a andar de cadeira de
rodas. Parei porque estava difícil conciliar. A doença traz uma
debilidade de energia”.
A relação com os pais é boa, segundo ela, apesar da dificuldade em
acompanhar o ritmo de Natache: ela gosta de ir para a rua, eles são mais
caseiros.
Os cuidados com a saúde incluem uma rotina de muitas atividades para
estimular o corpo: musculação, pilates, estimulação russa, tratamento
fonoaudiológico e psicológico.
Os encontros com um psicólogo acontecem
somente há um mês, para ajudar a sair de um estado depressivo. “Eu acho
que estou bem hoje, porque eu fiquei mal por um tempo. Eu ainda me sinto
mal em alguns momentos. A análise é para cuidar da autoestima e do
emocional mesmo”.
Com uma vida social agitada, Natache gosta de se divertir com os amigos
em festas e não tem medo de aglomeração. “Eu adoro carnaval. Eu gosto
de tudo que é festa. E as pessoas acham um absurdo ir em lugares com
aglomeração. Mas eu sempre conto com os meus amigos e a minha família.
Eu não seria ninguém sem eles”.
Perguntada sobre a vida afetiva, a candidata afirma que tem alguns
relacionamentos. “Tenho namorados, mas nada sério. Estou à procura. A
vida está aí para ser vivida. Afinal de contas, por que não?”
Fonte: G1
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