A partir da última quarta-feira (03), toda a frota de ônibus e trens do Brasil deveria estar adaptada para permitir o acesso das pessoas com deficiência.
As empresas tiveram 10 anos
para se preparar, mas não conseguiram atender as exigências da lei. Os
flagrantes das dificuldades enfrentadas pelos deficientes se repetem em
várias cidades.
O operador de telemarketing Lindovando Rodrigues Lima pega dois ônibus
todos os dias para ir e voltar do trabalho.
É um exercício diário de
muita paciência. “Causa muito prejuízo porque eu chego no trabalho
atrasado, chego no colégio atrasado devido ao transporte”, afirma.
A equipe do programa Bom Dia Brasil acompanhou Lindovando no Centro do Rio.
Em cinco tentativas, três ônibus que passaram pelo ponto estavam
adaptados com elevadores e motoristas treinados para usar o equipamento.
“Meu ônibus sempre está funcionando, senão não anda”, diz o motorista
de ônibus.
Mas outro ônibus estava fora do padrão. E o motorista não quis conversa.
Bom Dia Brasil: Sem elevador como fica a situação?
Motorista: Não dou entrevista não.
Outro ônibus também não estava adaptado, como manda a lei. O motorista
se ofereceu para carregar o cadeirante, mas ele se recusou. “Eu prefiro
nem entrar porque é constrangedor você ter duas pessoas para te pegar
para te deixar lá em cima dentro do ônibus”, afirma Lindovando.
No Rio de Janeiro, as dificuldades de acessibilidade também são
enfrentadas nos trens e até nos BRTs. “A parte de acesso ao ônibus
precisa ser modificada porque eu não conseguiria fazer isso sozinho. Sem
a cadeira elétrica, eu não conseguiria”, diz um cadeirante.
Uma lei aprovada em 2004 determinou que a partir desta quarta-feira
(03), a frota de transporte coletivo urbano e rodoviário de todo país
esteja acessível a pessoas com deficiência física. As empresas tiveram
10 anos para se adaptar, mas nem todas conseguiram.
De acordo com a lei, são considerados acessíveis todos os ônibus com
piso baixo e rampa de acesso, elevador ou ainda com acesso em nível em
pontos de parada elevados. Basta um desses itens para que lei seja
cumprida.
Mais de 13 milhões de brasileiros são portadores de algum tipo de
deficiência motora. Se a lei fosse cumprida à risca, a partir desta
quarta-feira (3), nenhum cidadão passaria pelos constrangimentos que o
Lindovando ainda passa. E olha que o Rio de Janeiro é um dos lugares do
Brasil onde a acessibilidade no setor de transportes está menos
atrasada.
No Rio de Janeiro, 76% dos coletivos já estão preparados. Só no fim de
2015 a frota será toda acessível. Na capital paulista, o percentual é
quase o mesmo do Rio, 75,8%.
A acessibilidade total será alcançada à
medida que a frota for renovada. Em Belo Horizonte, 89% dos ônibus estão
adaptados. Em Teresina, o índice de cobertura é de 37%.
Para a superintendente do Instituto Brasileiro da Pessoa com Deficiência Tereza Amaral,
as autoridades deveriam ser mais rigorosas na cobrança do cumprimento
da lei. “Nem o poder público, nem nós cidadãos podemos aceitar que uma
lei não pegue. Nós precisamos de alguma forma lutar para que essa lei
seja implementada”, afirma.
A Agência Nacional de Transportes Terrestres
informou que metade das linhas interestaduais e internacionais está
adaptada. Para as empresas que exploram essas linhas, a agência deu
prazo até janeiro.
Fonte: G1
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