Katya Hemelrijk da Silva, 38, executiva de uma grande empresa de cosméticos e mãe de dois filhos, teve de se arrastar ao longo de 15 degraus para conseguir embarcar em uma aeronave da Gol, na madrugada desta segunda-feira (1°), em Foz do Iguaçu (PR).
Vítima de uma doença genética rara conhecida como "síndrome dos ossos de cristal", que deixa os ossos muito frágeis, Katya é cadeirante e precisava de um equipamento especial, o ambulift, que não estava disponível para entrar no avião com segurança
Ela seguia com o marido, Ricardo Severiano da Silva, para São Paulo,
onde mora e trabalha, após um final de semana de passeio no Paraná.
Quando os aeroportos não possuem pontes de embarque – plataformas
elevadas que chegam até a porta do avião –, o acesso de pessoas com
deficiência ou mobilidade reduzida deve ser realizado em cadeiras
especiais que escalam os degraus ou mesmo em ambulifit (veículo equipado
com elevador).
"Ofereceram para me carregar no colo, o que não aceitei. É uma
humilhação e há risco de me machucar com gravidade, de quebrar uma perna
por me pegarem de forma errada. Como não havia condições dignas para
que eu embarcasse, subi por conta própria. Fui me arrastando, de
bumbum", disse Katya.
Segundo a executiva, foi dada a ela a opção de esperar por cerca de
quatro horas até que um equipamento de auxílio estivesse pronto para o
uso, o que ela não aceitou.
Ela esperou que todos os passageiros embarcassem, vestiu uma calça com
tecido leve e enfrentou a subida, que durou cerca de cinco minutos, sob
os olhos de uma tripulação "incrédula e apavorada" com a atitude.
"Tenho responsabilidades como qualquer outra pessoa. Começo a trabalhar
às 8h, tenho meus filhos para cuidar. Não poderia me dar ao luxo de
esperar até que encontrassem uma solução."
Além da roupa suja e uma chuva de olhares curiosos, Katya afirma ter ficado com dores nas pernas.
OUTRO LADO
A Gol informou que o seu equipamento de embarque não estava disponível e
que tentou, sem sucesso, consegui-lo com outras empresas. A companhia
afirmou que ofereceu "alternativas" à cliente, que optou por subir as
escadas sozinha.
"A Gol lamenta o ocorrido e tomará as medidas
necessárias para evitar que casos como este voltem a acontecer."
A Infraero,
que administra o aeroporto de Foz do Iguaçu, informou que
"procedimentos de embarque e desembarque são responsabilidade das
empresas aéreas".
A partir do ano que vem, segundo a empresa, haverá melhorias nesses
procedimentos, com a aquisição de 15 ambulifits. O aeroporto paranaense
será beneficiado.
Fonte: Folha de São Paulo
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