Internada e sem sair do quarto há três anos no setor de cuidados paliativos do Hospital de Base de Rio Preto (438
km de São Paulo), Rita Rosa, 54, conseguiu realizar seu maior sonho: ver o casamento de uma de suas
filhas.
Portadora de esclerose múltipla, doença
degenerativa para a qual não há cura, ela acompanhou a cerimônia,
realizada na Capela da instituição, graças a uma série de arranjos
feitos pelos funcionários do hospital.
Rita, que não conta com movimentos nos braços, nas pernas e já perdeu a
parte da visão, tem a doença há dez anos. Ela só respira com a ajuda de
aparelhos.
Apesar das dificuldades, Rita Rosa estava lá com seu balão
de ar para testemunhar o "sim" da filha, Juliane Rosa da Silva, 24.
"Estou muito feliz, pois ela é a primeira dos meus cinco filhos a se
casar. Quero estar presente em todas as cerimônias", disse, emocionada.
Para que Rosa pudesse acompanhar o grande momento, Rita foi
transportada de maca até a capela, juntamente com os equipamentos de
suporte à vida.
"Planejamos a transferência com antecedência para que
tudo desse certo e ela estivesse confortável, além de ficarmos
monitorando a paciente o tempo todo", afirmou a médica Ana Maria Nasser,
responsável pelo setor de Cuidados Paliativos e madrinha do casamento.
Além dos ajustes necessários para que Rita Rosa pudesse sair do quarto,
o bolo, a decoração, a cerimonialista e o terno do noivo foram doados
para a celebração.
"Eu nunca pensei em casar num hospital. Mas foi muito
melhor do que eu imaginei ou sonhei para mim, pois tive a presença da
minha mãe. A festa foi perfeita", afirmou a noiva.
Romance pela internet
Rita Rosa morava com a família em Campina Verde, em Minas Gerais, até
2011, quando se mudou para São José do Rio Preto para receber os
cuidados paliativos.
Em um ato de desprendimento, Juliane resolveu
acompanhar a mãe. Chegou a ficar dois anos sem emprego, até que,
incentivada por funcionários do Hospital de Base, arranjou um trabalho
como auxiliar de telemarketing em meio período.
E foi justamente a doença da mãe que fez com que o casamento de Juliane
ocorresse. Enquanto cuidava dela no hospital, Juliane conseguiu tempo
para acessar a internet e conheceu o hoje marido, Luís Ricardo Pires,
cuja família é de Urânia (610 km de São Paulo).
"Eu entrava pela rede do hospital e o conheci aqui mesmo. Acabou que
casamos onde tudo começou e com a benção de minha mãe", disse ela, que
não pretende mudar sua rotina.
"Saio do trabalho e vou para o hospital.
Faço as unhas da minha mãe, leio, cuido dela. Minha rotina é essa, e vai
continuar sendo", diz.
"Foi uma cerimônia simples, especial mesmo. Estamos começando a nossa
vida e, ao mesmo tempo, dando à minha sogra a chance de realizar o seu
maior sonho. É muito especial isso", disse o noivo Luís Pires.
Fonte: UOL
Nenhum comentário:
Postar um comentário