Há 20 anos, se locomover pela Grande Vitória tem se tornado tarefa difícil para o estudante de direito Paulo Roberto.
Segundo ele, que tem deficiência física,
as calçadas do bairro onde mora há mais de 40 anos, na Praia do Canto,
em Vitória, não oferecem condições apropriadas para o deslocamento e
trasporte dos usuários da cadeira de rodas.
De acordo com Paulo, apesar
de se encaixarem no modelo "cidadã", as calçadas têm buracos e desníveis
que causam acidentes, como o que aconteceu em frente a um hotel.
Procurada, a Prefeitura de Vitória informou que mesmo fazendo vistorias
pelas ruas do município, cabe ao proprietário de cada imóvel manter a
calçada em bom estado.
De acordo com o estudante, o acidente sofrido aconteceu por causa da
diferença de tamanho entre a rua e a calçada.
"A pessoa que estava
comigo tentou dar uma suspendida na cadeira por causa de um buraco, e a
cadeira simplesmente quebrou devido a altura da rampa. Eu fiquei no meio
da rua, tombado de lado, com a cadeira quebrada e os carros passando.
Até que passou uma alma boa e ajudou a menina que me acompanha a
levantar a cadeira e me tirar daquela situação", contou.
Segundo ele, a situação se repete com frequência. Mesmo com com o
modelo de calçadas implantado pela prefeitura, que define padrões de
segurança a quem transita por ela, o risco ainda é grande para quem se
locomove em cadeiras de rodas.
"Eu costumo brincar que na calçada cidadã
você precisa ter um cidadão do lado pra te ajudar, porque existem
certos buracos, que fazem a cadeira travar. Mesmo sendo uma cadeira
elétrica, eu não consigo seguir em frente em determinados desníveis. E
isso é um absurdo, porque se um carro bater em mim, eu ainda saio como
errado, porque estou no meio da rua", disse.
Reclamações
Além das reclamações de pessoas com deficiência física, muitos idosos
que também moram no bairro se queixaram de rachaduras, e obstáculos,
como vasos de plantas e caixas de energia.
"É muito ruim andar por aqui.
Temos que ficar bem atentos, para não cairmos em algum buraco", disse a
aposentada Zenila de Oliveira. Já a também aposentada Júlia Monólio
contou que não teve a mesma sorte. "Eu já caí por causa da rampinha".
Processo
Após sofrer o acidente, Paulo contou que entrou com um processo contra o
hotel responsável pela calçada, mas ainda não obteve resposta.
"O
processo é para não ficar mais um em branco, e para que seja um estímulo
para as pessoas lutarem por aquilo que é delas por direito".
Procurada pela TV Gazeta, a gerente do hotel informou que não teve conhecimento do acidente e que por isso não iria falar sobre o assunto.
Prefeitura
A Prefeitura de Vitória informou que a responsabilidade de manter a
calçada em bom estado é do proprietário do imóvel.
Ainda segundo a
prefeitura, equipes de fiscalização atuam nas ruas intimando
responsáveis para a reforma dos espaços.
Somente neste ano, segundo o
órgão, 195 notificações foram feitas. A prefeitura ainda disse que se a
obra não for iniciada dentro de 60 dias após o aviso, o responsável
pagará multa de R$ 369.
Fonte: G1
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