11 de jun. de 2013

Recomeço: como funciona a prótese biônica do ciclista que perdeu seu braço em São Paulo

Prótese está ao lado de mão real 
 
No dia 10 de maio, David Santos Sousa foi atropelado enquanto andava de bicicleta, na Avenida Paulista, em São Paulo, por um carro. 

O acidente foi tão violento que seu braço direito foi arrancado. Sem risco de morte, a vida de David continuou, e uma nova chance surgiu: uma empresa decidiu doar um braço mecânico para o ciclista, para que ele possa recuperar pedaços de sua antiga vida. Conheça os detalhes sobre a avançada prótese biônica que David receberá.

A prótese que David utilizará é montada pela Conforpés, uma empresa de Sorocaba (SP). Montado é o termo ideal: ela é composta por três sistemas independentes — a mão, o punho e o cotovelo — que vêm de diversas partes do mundo: o primeiro é feito na Inglaterra, enquanto os outros dois são chineses. 

Para completar a prótese globalizada, as baterias que serão utilizadas são americanas. “O custo total, incluindo a fisioterapia e a adaptação, fica entre R$ 300 mil e R$ 320 mil”, explica 
Anderson Nolé, diretor técnico da empresa que doará a prótese.
 

O braço terá revestimento de silicone customizado. A pedido de David, o antebraço e o braço serão cobertos de tatuagens, e a mão será baseada na mão esquerda. Neste processo, um molde é criado a partir da mão amputada e várias informações adicionais, como cor da pele, presença de pelos, formato das unhas e posicionamento e coloração das veias, são coletadas. 

Tudo isso é enviado para a Inglaterra, onde é feito o revestimento. Anderson mandou fazer uma mão a partir da sua. O resultado, que você vê abaixo, é impressionante.

A prótese inteira será comandada pelas contrações do bíceps e do tríceps, que são detectadas por meio de eletrodos colocados por cima da pele. 


Eles ficam no cartucho, parte do braço biônico moldada para se encaixar no coto, como é chamada a parte que restou da amputação. Sim, o braço biônico é simplesmente encaixado; ele dispensa procedimentos cirúrgicos e deve ser removido para dormir e tomar banho.
 

No caso da mão, a contração do bíceps fará ela se fechar, enquanto a contração do tríceps comandará o contrário. 

Ao contrário das próteses mais antigas, esta permite diversas configurações de movimentos e posições de dedos, chamados de pinças: a pinça principal movimenta o indicador e o dedo médio, enquanto a pinça de soco movimenta todos os dedos e a pinça de gatilho deixa o indicador esticado e move apenas o médio.

Ao todo, são 14 pinças; para alternar entre elas, David poderá apertar um botão nas costas da mão, girar o polegar até o máximo ou contrair o tríceps duas vezes seguidas rapidamente.

Já para alternar entre mão, punho e cotovelo, basta contrair bíceps e tríceps ao mesmo tempo.
 

Como não estamos acostumados a precisar usar esses dois músculos para movimentar a mão e o punho, David precisará de uma a duas semanas de fisioterapia intensiva, com dias inteiros de treinamento na Conforpés, para aprender a usar a prótese. 

Ele já está fazendo um tratamento prévio na USP para conseguir utilizar melhor a mão esquerda e, além disso, manter o tônus muscular do coto do braço direito, já que ele pode atrofiar se não for exigido. A empresa ainda aguarda a chegada de uma última peça para finalmente começar o processo. A expectativa é que isso ocorra nos próximos meses.

Felizmente, a musculatura que restou do braço de David está em bom estado, o que facilita a implantação da prótese. Mas Anderson destaca outra parte do corpo que é tão importante quanto: a cabeça. 

“David tem uma cabeça excelente e é um menino esforçado e muito comprometido com o próprio tratamento.” Que a força de vontade de David o ajude tanto quanto a tecnologia.

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