Às vésperas do maior evento do futebol mundial, um time formado por cerca de 15 professores e 45 alunos já está em campo com o "Projeto Copa do Mundo", em Salvador.
Integrados à Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), espaço filantrópico que presta assistência às pessoas com deficiência intelectual,
a equipe está desenvolvendo desde maio deste ano réplicas da taça do
torneio da Fifa, como também pinturas de bandeiras das seleções e
arquétipos em tamanho real de jogadores.
Auxiliados pelos professores, os alunos são os grandes artilheiros do
projeto. Juntos, "eles mostram que a deficiência intelectual não é um
inibidor da criatividade", afirma uma das pedagogas da instituição,
Joselita Damasceno.
Cientes disso, os educadores que integram a unidade
de profissionalização, no bairro do Comércio, começaram a desenvolver,
em fevereiro deste ano, o projeto e inseriram os alunos em pesquisas
relacionadas às histórias das seleções, como também dos países e
continentes onde estão inclusos.
"Mergulhamos no projeto. Fico até emocionada quando falo", diz Joselita
Damasceno ao avaliar a adesão dos alunos às ideias propostas. Por meio
dos trabalhos, ela explica que os estudantes foram divididos em três
turmas com atividades distintas.
A primeira ficou responsável por
desenvolver 20 réplicas da taça da Copa; a segunda ficou com a função de
pintar bandeiras das 32 seleções que irão participar dos jogos; a
terceira foi designada a criar arquétipos de jogadores das 10 seleções
que irão mandar jogos, em Salvador.
A criação da réplica da taça, segundo Joselita Damasceno, foi norteada
pela noção de reciclagem.
Durante os estudos para o desenvolvimento do
projeto, ela detalha que os professores identificaram que uma lata de
achocolatado poderia ajudar os alunos na elaboração do objeto. Os
estudantes entenderam e têm executado a ideia.
Na prática, detalha a pedagoga, o eixo da réplica é lata de
achocolatado. A base de sustentação é formada pela tampa do próprio
produto. Já no topo do objeto fica uma bola de isopor.
No percurso de
construção, os produtos são colados e, em seguida, passam por uma
técnica de papietagem, onde o produto é coberto por pedaços de papel.
Com as etapas concluídas, a taça é pintada até que atinja a tonalidade
mais próxima da oficial.
"Aqui eles desenvolvem ações de integração, envolvimento e descoberta.
Eles não tinham noção do efeito final", avalia a pedagoga ao revelar a
surpresa dos estudantes. Jéssica de Oliveira, de 21 anos, é uma das
alunas da instituição que mostra empolgação com descobertas apreendidas
durante os trabalhos.
"A gente pega a lata e começa a montar a taça. Depois a gente começa a
pintar. Eu amo pintar. Isso tudo é muito importante", disse a
estudante.
Ao lado dela, o colega Ramon Portela, de 19 anos, aproveitou
para falar do entusiasmo não só com o projeto, mas também com a seleção
brasileira. "Eu assisto a todos os jogos. Neymar e Hulk são os melhores
jogadores. O Brasil vai ganhar", afirma.
O clima de confiança percorre as demais turmas que integram o "Projeto
Copa do Mundo".
Na sala onde são feitas as pinturas das bandeiras, a
professora Terezinha Barbosa, que atua na Apae desde 1991, fala sobre a
mobilização dos estudantes. "Eles se uniram para o projeto. Quando se
fala em Brasil, em seleção, eles se animam", afirmou.
Na sala onde os alunos montam os arquétipos de jogadores, a professora
Rita de Cássia Sampaio Almeida, que está há dois anos na instituição,
também já fala sobre o clima de festa.
"Eles estão entusiasmados. Sem
contar que junto com as pesquisas sobre as seleções, elas estão
aprendendo um pouco sobre os países e continentes", relatou.
Na turma da professora Rita, o estudante Maurício Santos, de 20 anos,
concluiu com entusiasmo. "A taça será do Brasil. Vamos vencer".
Todas as criações dos alunos serão expostas na instituição no próximo
dia 11 de junho, quando alunos e professores entram em um período de
recesso de um mês. A exposição será integrada aos festejos juninos da
Apae.
Fonte: G1
Nenhum comentário:
Postar um comentário