Em 1997, o profissional de marketing Henrique Cardoso Saraiva, 34 anos,
teve a sua vida alterada por conta de um assalto, no bairro da Lagoa, Rio de Janeiro.
Com a mobilidade nas pernas reduzida decorrente
de uma lesão medular, foi obrigado a mudar sua rotina e superar novos
desafios. Mas como fazer isso, sem deixar de lado o contato com o
esporte e a natureza? Se adaptando.
Com a ajuda do surfista profissional
Marcos “Sifu” Menezes, Saraiva “atirou-se ao mar” apenas três anos
depois. E, por sete anos, adaptou-se ao surfe.
“Decidi surfar por ser um esporte praticado na água, onde minhas
limitações são reduzidas, além de estar ligado à natureza e eu poder
estar junto aos meus amigos. O surfe me deu muita disposição e
alegrias”, explica.
Em 2007, já “surfista adaptado”, Saraiva decidiu dar esta mesma
oportunidade a pessoas em situação parecida, idealizando a ONG Adaptsurf
– Associação Adaptação e Surf, junto com a professora de Educação
Física Luana Nobre, 30 anos, e o fisioterapeuta Luiz Phelipe Nobre, 36
anos, e mais uma dezena de apoiadores.
De lá para cá, foram mais de 3 mil aulas de surfe adaptado e muitas
batalhas por praias mais acessíveis. A cada final de semana, ao menos 50
alunos aprendem gratuitamente o surfe adaptado nas praias da Barra da
Tijuca e do Leblon, no Rio.
São crianças, jovens, adultos das mais
diversas classes sociais, com uma ou múltiplas deficiências físicas e
intelectuais.
Voluntariado
O Adaptsurf funciona com o apoio de 20 voluntários fixos da área da
saúde e outros, aleatórios. E se foca em três aspectos: inclusão social,
acessibilidade e educação ambiental.
Através do esporte, o aluno
melhora sua força, equilíbrio, flexibilidade e capacidade aeróbica,
assim como autoestima e socialização.
“O surfe é um esporte muito completo, por ser democrático e praticado
ao ar livre, num local público, o que acaba trazendo só benefícios ao
praticante. É muito inclusivo porque consegue, em um mesmo lugar,
inserir pessoas com diferentes tipos de deficiência e fazê-las interagir
com pessoas sem quaisquer deficiências”, enfatiza Luiz Phelipe Nobre,
diretor da ONG.
“A maior recompensa que podemos ter é o desenvolvimento
de cada aluno, que no início se encontra triste, sem esperança, e ao
final do dia, com muitas ondas, volta para casa forte, feliz e
satisfeito.”
Fonte: Terra
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