Ao passear por um museu, visitantes têm a oportunidade de, na maioria
dos casos, ler informações sobre os objetos expostos.
Os textos são uma
forma de contextualizar, por meio de dados históricos e acadêmicos, a
importância daquela peça.
Sem dúvidas, algo que enriquece a experiência,
mas que torna-se limitada para estrangeiros e pessoas com deficiência
visual e auditiva, caso o local não seja adequadamente equipado.
Esse é um problema que o Museu de Artes e Ofícios (MAO) acaba de resolver com a implantação de 30 audioguias com recursos interativos, que incluem vídeos explicativos em quatro idiomas – português, inglês, francês e espanhol – e também na Linguagem Brasileira de Sinais (Libras) e descrição por voz do
acervo do espaço e acervo para os surdos.
“Essa é uma iniciativa
inovadora entre os museus brasileiros que garantirá mais acessibilidade
para as todas as pessoas. Afinal, esse é um espaço público, criado e
implantado com dinheiro público, por meio de leis de incentivo, e é
nossa obrigação e dever, ter meios para receber o maior número de
pessoas”, afirma a presidente do Instituto Flavio Gutierrez, mantenedor
do MAO, Angela Gutierrez.
O audioguia é um tablet que está disponível para os visitantes mediante
o pagamento de R$ 5. Pessoas com deficiências visuais, auditivas e
professores têm o recurso disponibilizado gratuitamente.
Para facilitar a navegação, o museu foi “dividido” em setores em um
mapa que aparece na página inicial. Ao clicar em um dos setores, opções
de vídeos informam sobre as 2.500 que compõem o museu.
“Foi um trabalho árduo de toda a equipe para produzir o material
necessário e se familiarizar com esse tipo de prestação de serviço”, diz
Angela, que justifica um dos motivos da ligeireza:
“Aceleramos muito a
inauguração do sistema para podermos ‘pegar’ a Copa do Mundo. Afinal,
queremos receber muito bem os estrangeiros”.
A implementação do sistema levou cerca de um ano de trabalho e o
investimento de R$ 100 mil. Para o diretor da empresa Era Virtual,
responsável tanto pela virtualização do museu quanto pela inserção da
tecnologia como possibilidade de visita no MAO, Rodrigo Coelho, o
projeto foi pensado para atender visitas com durações variadas.
“A gente
sabe que o turista ou mesmo o visitante local às vezes não têm muito
tempo. Por isso, o guia foi elaborado de maneira a informar tanto a
pessoa que só tem 30 minutos para o passeio quanto aquele que tem o dia
inteiro”, afirma.
Na tela seguinte à seleção de um dos setores, é
possível escolher um vídeo geral com cerca de um minuto e trinta
segundos, ou outros com elucidações aprofundadas sobre o objeto.
Responsável pela implementação de audioguias em vários museus, Coelho
não esconde a satisfação com o resultado que, segundo ele, é inovador
quando comparado com museus da América Latina.
“O uso de guias e
sensores próximos aos objetos é mais comum. Mas disponibilizar um
aparelho que dá liberdade para o visitante e toda essa interação é raro.
Digo que criamos, na verdade, um ‘multiguia’”, afirma.
A preocupação com a acessibilidade de pessoas com limitações naturais,
como surdos e portadores de deficiência visual, porém, não é novidade no
MAO. ]
Em dezembro de 2013 foi iniciado um curso de Libra para monitores e
educadores do local.
“Ajuda muito no nosso trabalho porque temos
parcerias com instituições para alunos surdos, que sempre vêm ao museu.
Além disso, passamos a ter condições de receber apropriadamente dando
boas vindas e explicando melhor o funcionamento do museu”, afirma a
educadora do MAO, Dircilene Macedo.
Assim o museu segue uma demanda do Instituto Brasileiro de Museus
(Ibram) de viabilizar acesso a toda população. “Com essas adaptações
surdos e deficientes visuais podem realmente conhecer o museu e, de
certa forma, resgatar sua própria cultura”, opina Coelho.
No Brasil
De acordo com a última pesquisa “Museu em Número”, realizada pelo
Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), em 2011, apenas 25,2% dos museus
no país possuem infraestrutura para receber turistas estrangeiros, o
que inclui sinalizações e publicações em idiomas estrangeiros.
Fonte: O Tempo
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