A meta 4 do novo PNE (Plano Nacional de Educação) estabelece as formas para garantir a inclusão de alunos com deficiência,
transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades nas escolas.
Em termos gerais, ela consolida a universalização do atendimento
escolar a esses estudantes.
Educadores têm opiniões divergentes quanto ao formato de uma educação
inclusiva que seja eficiente para o desenvolvimento social e cognitivo
do aluno com deficiência.
Alguns especialistas defendem que os alunos com deficiência devam ser
educados em salas regulares, junto a alunos sem deficiências. Mas há
também aqueles que avaliam ser melhor que estudantes com deficiência
tenham uma educação diferenciada, à parte dos demais alunos.
Este debate se refletiu nas discussões sobre a meta no Congresso Federal. Enquanto a redação do texto da Câmara dos Deputados
acentuou a inclusão de alunos com deficiências em salas regulares, o
texto revisado durante a tramitação no Senado Federal, em 2012, incluiu a
possibilidade de a educação desses alunos ser feita de maneira
separada.
Impasse mantido
O atual texto, sancionado pela presidente Dilma Rousseff, mantém
ambígua a base ideológica e pedagógica que define a forma de inclusão de
alunos especiais nas escolas brasileiras nos próximos dez anos, período
de vigência do PNE.
Para Luiz Araújo, professor do Departamento de Planejamento e
Administração da Unb (Universidade de Brasília) e doutor em educação
pela USP (Universidade de São Paulo), a aparente confusão tem relação
com lobby das Apaes (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais).
Segundo o professor, a associação teria influenciado parlamentares
quanto ao ensino de alunos com necessidades especiais fora das salas
regulares.
— Não há um consenso sobre o tema.
Rodrigo Mendes, fundador do Instituto Rodrigo Mendes, organização que desenvolve programas de educação inclusiva, também
destaca a existência de impasse sobre o tema e a atenta para as
consequências disso.
— Há de se apontar uma involução conceitual decorrente da alteração do
texto original, apresentado pelo MEC em 2010.
Segundo ele, a educação
especial deveria ser uma modalidade complementar à escolarização no
ensino regular, e não substitutiva. Contrariando essa diretriz, o atual
texto autoriza também as escolas especiais a desempenharem o papel da
sala de aula regular.
Mendes afirma que, como consequência, o Brasil estará em dissonância
com a Convenção da ONU sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, da
qual o Brasil é signatário.
— E desperdiçaremos a oportunidade de investirmos em uma pedagogia não
homogeneizadora, que estimula o desenvolvimento de competências para o
convívio com as diferenças.
Fonte: R7 Notícias
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