Dois dias depois da partida entre Argentina e Bósnia-Herzegovina e na
véspera do confronto decisivo entre Espanha e Chile, os detalhes do
plano do Maracanã, no Rio de Janeiro, para receber jogos da Copa do Mundo-2014 ainda eram discutidos.
Em entrevista coletiva sobre acessibilidade na manhã da última terça-feira, no próprio estádio, a Fifa anunciou que já vendeu quase 20 mil ingressos para pessoas com deficiência física ou obesos, e detalhou algumas adaptações realizadas para recebê-las.
"O número de compra desse tipo de ingresso foi muito alto, e ainda
temos alguns ingressos para serem vendidos. Lançamos um apelo para quem
está interessado. Ainda há 1.487 ingressos para as três categorias em
algumas partidas, não para todas, é claro. Encorajamos pessoas com
deficiência, obesos, ou de cadeira de rodas e mobilidade limitada, a
comprar. 19.533 ingresos já foram vendidos", anunciou o chefe de
Responsabilidade Social da Fifa, Federico Addiechi.
Segundo a Fifa, 1% da capacidade dos estádios têm sido disponibilizada
para pessoas com deficiência em todos os jogos do Mundial. Entre as
adaptações para recebê-las, a entidade citou assentos, banheiros,
estacionamentos e "faixas" especiais, além de passarelas e voluntários
treinados na assistência a cadeirantes.
A maior novidade contempla, particularmente, os cegos ou pessoas com visão prejudicada:
um serviço de comentário descritivo das partidas, disponibilizado
apenas no Maracanã, na Arena Corinthians, no Mineirão e no Mané
Garrincha.
Convidado especial do evento desta terça-feira, o campeão
paralímpico e bicampeão mundial de futebol de cegos Anderson Dias
elogiou o sistema, que experimentou na partida da Argentina.
"Ver o jogo com uma maior descrição, saber como os lances ocorreram, é
de muita valia. A gente sempre briga, sempre solicita, e a Fifa
disponibilizou essa acessibilidade. Esperamos muito, muito mesmo que
passando a Copa esse legado continue, possa ser levado a outros lugares,
para que todos os cegos tenham como assistir e se sentir incluídos",
afirmou Dias.
Além da narração do que está ocorrendo em campo, semelhante ao que é
feito nas transmissões de rádio, o sistema dá os detalhes do que está
ocorrendo dentro do estádio, desde a vestimenta dos técnicos até o
comportamento da torcida, além de informações de serviço.
A ideia,
segundo a Fifa, é incluir o deficiente na experiência de estar no
estádio.
"No começo da partida a narração passa uma mensagem total sobre o
público, quem está ali, onde está cheio, onde está vazio, como o público
está vestido, se as pessoas estão com cara pintada. No domingo
destacamos que o técnico da Argentina estava de terno, arrumado, e o da
Bósnia estava de agasalho. Damos inclusive informações de serviço, onde
se localizam os banheiros, para a pessoa se locomover com mais
facilidade no estádio, além de informações de segurança, comida. É uma
prestação de serviço o mais completa possível para quem está dentro do
estádio. E além disso, claro, narramos o que está acontecendo em campo. É
muito rico, uma experiência completa", afirmou Joyce Cook, diretora do
Centro de Acesso ao Futebol na Europa.
Fonte: ESPN
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