11 de nov. de 2014

Cinema adaptado para surdos e cegos tem audiodescrição e tradução em libras

Foto de Alexandre testando o recurso no cinema


A universitária Bruna Catalan, de 23 anos, é fã de comédia, mas para ir ao cinema precisava que algum amigo a acompanhasse e cochichasse no seu ouvido o que acontecia na telona. 


Agora, com uma mãozinha da tecnologia, a jovem, que tem deficiência visual, pode ir sozinha ou aproveitar a companhia sem se sentir dependente de ninguém. Desde segunda-feira, o Ponto Cine, em Guadalupe, na Zona Norte do Rio, é 100% acessível, com adaptações para pessoas com deficiência visual, auditiva e cadeirantes.


O espaço usa o aplicativo WhatsCine, instalado em smartphones ou tablets, com tradução em libras (língua brasileira de sinais) e legendas, além de audiodescrição por fones de ouvido. Ontem, Bruna se emocionou ao assistir a “Meu nome não é Johnny”.


— Vi quando foi lançado graças à ajuda de amigos. Mas agora foi uma sensação diferente. A audiodescrição faz toda diferença. Você consegue perceber a expressão do ator e outros detalhes — contou.


Vice-presidente da Associação de Deficientes Visuais do Rio, o advogado Alexandre Ferreira pretende lutar para que outros espaços tenham o mesmo sistema.


— Hoje senti a sensação de que pertenço à sociedade. A sensação é de liberdade, de autonomia — disse Alexandre, que também tem deficiência visual.


O ingresso no Ponto Cine custa R$ 8 (R$ 4 a meia-entrada). O espaço oferece tablet e fone gratuitamente durante a sessão.


— Participei da produção do filme “Janela da alma”, que fala das carências dessa população. Eu queria que eles pudessem assistir àquilo. 


Em junho deste ano, me inscrevi no edital da Ancine que incentivava exibidores a montar uma sala acessível, e conseguimos. É uma questão de cidadania — diz o diretor de cinema e responsável pelo Ponto Cine, Adailton Medeiros.

De acordo com o Censo 2010, a novidade pode beneficiar mais de 3,9 milhões de cariocas com deficiência.
 

Como funciona o aplicativo


Na sala de cinema, há uma rede Wi-Fi específica, que fornece acesso ao conteúdo de acessibilidade. Na rede do WhatsCine, só trafegam dados fornecidos pelo aplicativo (os frequentadores da sala não poderão usá-la para navegar na internet, por exemplo).


Para minimizar na sala de cinema o impacto das telas ligadas, o app usa alguns recursos. Entre eles, reduzir automaticamente o brilho do celular assim que o usuário opta pela exibição de legendas.


O aplicativo é compatível com apenas alguns filmes em cartaz. No Ponto Cine, os usuários conseguem assistir longas como “Batismo de Sangue”, “Divã” e “Meu Nome Não é Johnny”.


Fonte: Extra


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