José Gilvan Silva dos Santos, de 23 anos, tem deficiência visual e vai participar do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), com o objetivo de ser aprovado no curso de Música da Universidade Federal de Sergipe (UFS).
A instituição utiliza a nota dessa avaliação para selecionar os
estudantes. Para esse curso específico, é necesário ainda fazer uma
segunda prova que consiste na análise da habilidade prática.
Na primeira fase, que será realizada nos dias 8 e 9 de novembro, o estudante vai realizar as provas acompanhado por um ledor.
Os ledores são profissionais capacitados para realizar a leitura de
textos e descrição de imagens que auxiliam pessoas com deficiência
visual ou intelectual, autismo, déficit de atenção ou dislexia. Além
disso, eles podem atuar como transcritores.
José Gilvan se diz preparado e com o domínio do instrumento que vai
tocar durante o exame prático, a ser realizado entre os dias 16 e 19. "O
teclado será meus olhos no Enem", brinca o estudante enquanto se
prepara para o exame.
Com um sorriso estampado no rosto, o jovem tenta amenizar os obstáculos
resultantes do glaucoma. “Com um ano de idade perdi a visão de um olho
ao ser diagnosticado com essa doença. Até os cinco anos passei por
várias cirurgias, idade em que perdi totalmente a visão”.
Natural do município de Lagarto, na região Centro Sul de Sergipe,
Gilvan tem uma rotina de estudos diários, além de complementar o
conhecimento específico com um curso presencial na capital e atividades a
distância.
Constantemente convidado para tocar em bandas da região, ele conta que a
vontade de se graduar em Música surgiu quando percebeu a dedicação das
pessoas que trabalham com arte.
“Aos 13 anos fui apresentado ao teclado e com ele cresceu a vontade de
estudar música. Hoje toco com alguns artistas e em festas de família ao
lado dos meus três irmãos”, recorda.
Expectativa
A universidade disponibiliza 50 vagas para o curso de Música, mas se
depender da professora de Gilvan, Teresa Cristina Criscuolo, uma já está
garantida para o estudante.
“Ele tem a excelência de ser um grande
intérprete ao assimilar os estudos rapidamente. Seus estudos práticos e
teóricos estão em dia e finalizados antes do tempo que estipulamos. Faço
apenas uma ressalva para a parte do sofego, pois sua habilidade de ler a
partitura pode ficar comprometida no que diz respeito ao tempo devido a
figura do ledor”.
Com a proximidade das provas, Gilvan espera ser aprovado após tanto
esforço. “Meus olhos só enxergam as partituras da melodia que vai ser
tocada no dia em que me tornar o mais novo acadêmico do curso de
Música”, revela.
Fonte: G1
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