A primeira delegacia para pessoas com deficiência do
Brasil registrou em três meses mais da metade de queixas registradas em
três anos. A procura está maior não é porque o número de ocorrências
aumentou, é porque o atendimento melhorou.
Os Boletins de Ocorrência agora têm um campo específico para registrar
quando a pessoa tem um tipo de deficiência. E a delegacia especializada
nesse atendimento passou a ter profissionais como interpretes de
linguagens de sinais e de braile, psicólogo e assistente social.
Alexandre da Silva prestou informações sobre um carro que ele comprou.
Alexandre é surdo, mas não teve problemas para ser entendido.
Ele foi à
primeira Delegacia de Polícia da Pessoa com Deficiência de São Paulo,
que fica na capital do estado. A delegacia foi criada em junho, para
combater a violência contra pessoas que, muitas vezes, tem pouca chance
de se defender.
Casos como o de Dona Eulália. Ela mora em Anápolis, Goiás, a segunda
cidade do país a ter uma delegacia especializada. Depois de um derrame,
Dona Eulália ficou com parte do corpo paralisado. Em vez de cuidados,
foi agredida e roubada pela própria família.
“Nós já constatamos que a aposentadoria dela tem sido recebida pela mãe
e pelas filhas. São três filhas, todas as quatro serão indiciadas pelos
crimes de maus tratos e pela apropriação desses proventos”, explica
Manoel Vanderic, delegado.
A partir da inauguração da delegacia especializada de São Paulo, os
Boletins de Ocorrência do estado passaram a ter um campo para informar
se a vítima tem deficiência.
Em três meses, foram registradas 4.452 queixas de agressões contra
pessoas com deficiências, metade dos oito mil casos registrados nos três
anos anteriores.
Não aconteceu durante esses três meses um aumento exagerado dos casos
de violência contra pessoas com deficiência. O que houve foi uma mudança
de método, que permitiu à polícia enxergar com mais precisão o tamanho
desse problema. E, mais preparados, os policiais podem realizar melhor o
seu trabalho.
A delegacia tem intérpretes de Libras, a linguagem de sinais, e de
Braile, para atender pessoas cegas.
Tem um psicólogo, um assistente
social, um psicopedagogo e todos os policiais fizeram um curso sobre os
tipos de deficiência e os tipos de violência contra esse grupo.
O trabalho da delegacia e as informações mais precisas sobre os casos
de violência vão ajudar a melhorar a política de proteção às pessoas com
deficiência.
“Primeiro nós vamos entender o fato, contextualizar porque ele
acontece, entender esse personagem se ele precisa, em função da
vulnerabilidade, ser retirado deste meio, ou se nós podemos tratar essa
família, uma família disfuncional que precisa de apoios.
Mas nós temos
que reconhecer quem são, quantos são e quais as origens desta
violência”, afirma Linamara Rizzo Battistella, secretaria estadual de
Direitos das Pessoas com Deficiência.
Mais de 46% dos casos atendidos pela delegacia de São Paulo envolve vítimas com deficiência física.
Fonte: G1
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