Longe de estar entre as capitais mais populosas do Brasil, Cuiabá, atualmente, com seus quase 600 mil habitantes, precisa melhorar e ouvir opiniões sobre acessibilidade de quem tem um dos cinco sentidos comprometidos, como é o caso de quem tem deficiência visual.
Ausência de trechos para pedestres, calçadas com desníveis, orelhões
mal posicionados e, principalmente, bocas de lobos abertas, tornam o
trecho de caminhada para os cegos uma verdadeira maratona.
Esses
obstáculos não são apenas para pessoas com deficiência visual, mas
também para os cadeirantes e pessoas com deficiência física.
Pelo menos oito obstáculos de madeiras foram instalados na calçada ao
lado da instituição e dois bueiros estão com a tampa quebrada, o que
contribui para acidentes.
“Todos os dias, passamos aqui e temos que
desviar de buracos. E, agora, essa tampa quebrada e esse monte de
obstáculo, na porta da associação e ninguém nos ajuda”, disse o
presidente da AMC, Sandro Luiz da Silva.
Há seis anos a frente da entidade, Sandro contou que, entre os
problemas de ruas, avenidas e calçadas de Cuiabá, também está o mau
posicionamento de cestas de lixo e também barracas de camelôs.
“Não critico os camelôs, que estão ali buscando o pão de cada dia, mas a
prefeitura poderia melhor instalá-los nas calçadas e também arrumar a
colocação das cestas de lixo e orelhões. Quando passamos, a bengala não
conseguimos alcançar os orelhões e dai o prejudicado é nossa testa, pois
na maioria das vezes estamos sem acompanhantes”, disse Sandro.
Só a AMC tem 400 pessoas com deficiência credenciadas. Além dessa
instituição, Cuiabá também tem o Instituto Cuiabano dos Cegos, que é
localizado na região do Coxipó e tem outros 200 cadastrados.
Em Várzea Grande, a parcela da população que necessita de cuidados
especiais também é alta: com 252.596 mil habitantes, o município possui
56.696 mil deficientes, o que representa 22% da população.
Outra situação reclamada por Sandro é sobre o transporte público em
Cuiabá. Segundo ele, a alteração proposta pela Secretaria Municipal de
Transito e Transporte Urbano (SMTU), de colocar a catraca na porta do
ônibus, dificulta a comunicação dos usuários com o motorista.
“Nós nem fomos consultados. Antes, nós já entravámos nos ônibus e
ficávamos ali na frente, tendo uma comunicação melhor com o motorista.
Agora, com a catraca na porta, temos que entrar por trás e, às vezes,
até nos acidentamos. Se pedissem nossa opinião, iríamos pedir que não
fizessem isso. Já tiraram o cobrador, agora querem retirar os bancos da
frente”, completou Sandro Luiz.
A necessidade de uma cidade adaptada é a prerrogativa fundamental para
aqueles que desenvolvem deficiências físicas ou intelectuais com o
passar dos anos.
Sandro observou que o poder público, em geral, precisa respeitar os deficientes.
“Todos prometem, mas, quando eleitos, esquecem. Queremos mais um pouco
de respeito. Precisamos de ter nossas necessidades dentro da cidade
realizada. Fazendo sem nos perguntar só causam feridas em nossas joelhos
e testas, devido aos acidentes”, completou.
Fonte: Rede SACI
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