Problemas oculares na infância e na adolescência são
muito comuns. Dados do Ministério da Saúde revelam que 30% das crianças
em idade escolar apresentam algum problema de vista.
O que muita gente
não sabe é que cerca de 90% do desenvolvimento da visão ocorrem até os
dois anos de idade. Quando a alteração ocular não é corrigida na
infância, acarreta prejuízos para o resto da vida.
As duas principais
causas de cegueira evitável no Brasil são a catarata e falta de óculos.
Oito em cada 10 casos de perda de visão poderiam ser evitados se
detectados precocemente.
De acordo com o oftalmologista Hilton Medeiros, da
Clínica de Olhos Dr. João Eugenio, o ideal é que a primeira consulta
oftalmológica ocorra com um ano de idade.
“Quanto antes diagnosticado o
problema, maiores serão as chances de tratamento eficaz porque a visão
ainda não está totalmente desenvolvida”, afirma o médico, lembrando que
na França, por exemplo, toda criança passa pela primeira consulta com um
ano de idade e, em decorrência disso, o país possui um dos menores
índices de problemas de visão.
Na consulta, são realizados exames que avaliam a
integridade anatômica e funcional das diversas partes do olho, dando
ênfase ao diagnóstico de vícios de refração - miopia, hipermetropia e
astigmatismo.
A criança também deve ser submetida a exames de fundo de
olho. O procedimento pode identificar doenças sérias como tumores e
problemas vasculares.
Um dos problemas mais comuns encontrados em crianças é
a hipermetropia: um erro de focalização da imagem no olho, fazendo com
que a imagem seja formada após a retina.
“A doença provoca dores de
cabeça e desconforto para ler de perto, assistir à TV ou JOGAR
videogame. Em função do cristalino da criança ser mais flexível, o erro
de refração pode ser compensado com maior facilidade”, explica Hilton
Medeiros.
Já a miopia e o astigmatismo provêm de alterações na
estrutura do olho, mas um exame nos anos iniciais pode detectar até
casos mais delicados, resultantes de acidentes ou de malformação
genética.
Outro problema muito comum em crianças é a ambliopia.
Também conhecida como visão preguiçosa, é de fácil tratamento quando
diagnosticado cedo.
No entanto, se não for tratada pode levar à
cegueira. Ela ocorre quando há privação da boa qualidade de imagem em um
dos olhos.
O cérebro, então, elege o olho saudável e o desenvolvimento
neurológico acaba desequilibrado, porque a visão afetada não é
estimulada, tampouco estimula o nervo ótico, que está conectado à
atividade cerebral.
“O tratamento é feito tapando o olho bom, mas, se
for realizado após os sete anos de idade, o prejuízo para a visão será
irreversível”, comenta o especialista.
O estrabismo também é frequente e de fácil tratamento
na infância.“Quando um dos olhos fica estrábico, duas imagens
diferentes são enviadas para o cérebro. Nas crianças com pouca idade, o
cérebro aprende a ignorar a imagem do olho desviado, passando a receber
somente a imagem do olho não desviado ou de melhor visão. Ou seja, o
estrabismo provoca a perda da visão tridimensional na criança”, explica o
médico. Quando tratado nos primeiros anos de vida, apresenta um bom
resultado. Caso contrário, a baixa visual poderá ser definitiva.
O glaucoma congênito, a catarata congênita, a
retinopatia da prematuridade e o retinoblasta também são doenças
frequentes em bebês e crianças. Já o ceratocone é mais comum entre os 13
e 18 anos, fase em que o corpo passa por mudanças e impulsos de
crescimento.
Já os recém-nascidos devem ser submetidos ao teste do
reflexo vermelho ou do olhinho. Este exame, de suma importância,
identifica a catarata infantil, responsável por 20% dos casos de
cegueira de brasileiros até 15 anos, segundo a Organização Mundial de
Saúde. Apesar de curável, a falta de informação e o diagnóstico tardio
do mal são os principais vilões dos pequenos.
Fonte: Ler Para Ver
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