Pedrinho e Davi são duas crianças que moram na mesma cidade e passam
pela mesma dificuldade: são deficientes sem espaço nas escolas
municipais do Rio de Janeiro.
Suas mães, sozinhas, já tinham tentado de
tudo para garantir a educação deles, sempre sem sucesso. Mil desculpas: não tem gente especializada, não tem estrutura, custa muito caro, não há vagas.
Até que um dia se encontraram — e se ajudaram — via internet. Sheila
e Marya, mães de Pedrinho e Davi, conseguiram juntas 63 mil assinaturas
em dois abaixo-assinados na Change.org, e no último mês garantiram
escola para os filhos.
A mãe de Pedrinho, Sheila Velloso, passou por cinco escolas antes da
mobilização.
"O Pedrinho precisa de cuidados como qualquer crianças, só
um pouco mais", diz. Ele é portador da Síndrome de Cornélia de Lange,
deficiência rara que compromete a capacitação física, por isso a
dificuldade.
Sheila já viu e sofreu de tudo nos 8 anos do garoto, até
que o problema finalmente terminou.
Com 24 mil assinaturas batendo na porta,
a Secretaria de Educação do Rio recebeu a mãe aflita e providenciou uma
vaga na Escola Municipal Pedro Ernesto, na Lagoa, zona sul fluminense.
Pedrinho hoje tem a ajuda de um cuidador e dos funcionários da
escola, além de ser muito querido pelos colegas, que o receberam com
desenhos e mensagens de boas-vindas.
“O vínculo afetivo que o Pedrinho
está criando é o que ele vai levar de mais valioso para o resto da
vida", afirma Sheila.
O caso de Marya Gomes, mãe de Davi, é bem parecido. O garoto foi
diagnosticado com autismo e também precisa de cuidados especiais. Embora
esteja apto a participar de atividades escolares normalmente, a
Prefeitura do Rio nunca havia disponibilizado um cuidador.
Marya passou 3 anos acompanhando o filho na escola todos os dias, fazendo o papel do estado.
Por isso ela se inspirou na vitória de Pedrinho. Por que não fazer uma
petição também? “Eu e Sheila frequentamos o mesmo consultório de
fonoaudiologia, onde levamos as crianças. Tenho tido muito retorno
positivo das pessoas que já me apoiavam durante o processo”, conta.
Ela fez um novo abaixo-assinado,
juntou 39 mil assinaturas e conseguiu ser ouvida pela Secretaria de
Educação. Davi hoje estuda na Escola Municipal Senador Corrêa, em
Laranjeiras, uma escola com toda a infraestrutura necessária. "A escola
também já providenciou uma cuidadora", afirma a mãe esperançosa.
Para a mãe de Davi, não existe nada mais importante para seu filho do
que conquistar o direito de cidadania. "Para mim, a dignidade e a
inclusão conquistadas pelo meu filho são o mais importante de tudo",
afirma Marya. .
Fonte: Catraca Livre
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