1 de dez. de 2014

Café Memória promove inclusão e convívio social para pessoas com Alzheimer



Não é à toa que o café é uma das bebidas mais consumidas do mundo. Seu efeito estimulante ajuda a despertar, seu aroma dá prazer e o sabor do grão torrado, moído e coado no filtro é insubstituível. 


Para aumentar ainda mais a adoração por ele, pesquisadores da Universidade John Hopkins (EUA) descobriram, no início de 2014, que o consumo de duas xícaras por dia pode trazer benefícios para a memória.


Popular, a bebida também é a grande aliada de uma iniciativa que proporciona inclusão social e qualidade de vida à pacientes diagnosticados com a perda de memória.


Inspirado em projetos semelhantes de países como França, Estados Unidos e Inglaterra, o Café Memória de Portugal é dedicado a quem sofre de demência e Alzheimer e, ainda, aos seus cuidadores e familiares.


Encontros são realizados mensalmente.



Divulgação

 
O espaço abriu as portas em abril de 2013 e funciona como um ponto de encontro mensal, onde os participantes compartilham experiências, interagem entre si e realizam atividades lúdicas e estimulantes. 


Reservado e protegido, o ambiente do Café Memória oferece suporte emocional e informações úteis aos doentes e seus familiares.


Segundo a neuropsicóloga e coordenadora da proposta, Catarina Alvarez, as sessões são procuradas por pessoas que sentem os efeitos do isolamento e do preconceito em seu cotidiano. 


“Temos uma missão dupla. Por um lado, queremos melhorar a qualidade de vida dessa parcela da população e, por outro, sensibilizar a comunidade perante este tema. Em Portugal, a demência é um estigma social”, observa Catarina.


Estigma social


Durante duas horas, os participantes do Café Memória se apresentam, contam suas histórias e se envolvem em atividades lúdicas que estimulam capacidades cognitivas como memória, raciocínio, linguagem e orientação. 


“Na última sessão fizemos uma das melhores atividades do Café Memória: um quiz musical. Tocávamos uma música e cada equipe tinha que descobrir o nome dela e quem a cantava. Foi um sucesso”, comemora.


O encontro também recebe convidados das mais diversas áreas que dialogam com a questão da memória, como neurologistas, enfermeiros, nutricionistas e até designers.


O Café Memória, como não poderia deixar de ser, sempre termina com uma mesa de café da manhã disposta para incentivar o convívio dos participantes, cuidadores e parentes.


Catarina ressalta a participação de mais de cem voluntários no projeto. “Sem eles não conseguiríamos atingir nossos objetivos.” 


De acordo com a coordenadora, mais de mil pessoas já estiveram em uma sessão do Café Memória, sendo que 400 frequentam regularmente o espaço.


Porta para o mundo


Ela acredita que o estigma social faz com que os familiares de quem sofre de Alzheimer se fechem em casa e só peçam ajuda quando a doença já está em etapa avançada. É preciso mostrar que estamos abertos para conversar sobre este tema delicado”, aponta. 


“Percebemos que muitas pessoas saem mais leves de nosso encontro, com mais força para encarar o dia a dia. Elas sentem que não estão sozinhas, criam estratégias, conversam e falam sobre como lidam com seus problemas. Enfim, elas levam mais carinho, informação e capacidade para casa.”


A neuropsicóloga festeja ainda a ousadia desses encontros terem deixado o ambiente clínico, médico e institucional para se espalharem por cafeterias e restaurantes da cidade, como o Portugália e o Café do Museu de São Roque, em Lisboa. 


“Isso já é uma forma de lutar contra o preconceito, pois falamos de demência fora do contexto hospitalar. É uma ação necessária para a construção de uma cidade democrática.”


Cuidar Melhor


Realizado graças à parceria entre a Associação Alzheimer Portugal e a Sonae Sierra, o Café Memória é considerado um braço informal e complementar do projeto Cuidar Melhor, que trabalha pela inclusão e promoção dos direitos das pessoas com demência em Portugal.


Hoje, seis espaços promovem o Café Memória mensalmente (três em Lisboa, dois na Grande Lisboa e um no Porto) e, no último sábado (22/11), aconteceu a primeira sessão do Café Memória de Viana do Castelo, das 9h às 11h, no Restaurante Camelo. 


As sessões são totalmente gratuitas e não é necessário se inscrever com antecedência para participar.



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