O Ministério Público enviou uma recomendação para a Prefeitura de Apucarana, no norte do Paraná, pedindo que o órgão contrate um homem que não foi considerado apto para exercer a função de pintor depois de ser aprovado em um concurso público.
Valdeci Olímpio, de 53 anos, foi aprovado em primeiro lugar nas provas, mas nos exames médicos foi considerado inapto por não ter a mão direita.
O concurso público foi realizado em fevereiro de 2014. O edital não previa vaga de pintor para
pessoas com deficiência,
mas também não impedia que se candidatassem ao cargo.
“Fiz a inscrição,
estudei para passar realmente. Não estou pedindo vaga de emprego. Eu
venci por meus conhecimentos”, reclama Olímpio.
De acordo com a prefeitura, foram ofertadas apenas duas vagas para a
função de pintor, e nenhuma delas era destinada a pessoas com
deficiências. A cota foi distribuída em funções nas quais foi ofertado
um número maior de vagas.
Olímpio perdeu uma das mãos após um acidente de trem, aos sete anos.
Ele trabalha como pintor há 30 anos.
“Eu faço textura, grafiato, o que
precisar. Não importa a altura. Eu sou profissional nisso, e nunca me
faltou a mão direita, vamos dizer assim, para desempenhar o meu
trabalho”, afirma o pintor.
A procuradoria jurídica acatou o parecer médico e desclassificou
Valdeci Olímpio. “É uma questão médica. Estamos vinculados a um atestado
médico que diz que a pessoa é inapta para o trabalho”, explica Paulo
Sérgio Vital, procurador jurídico do município.
Segundo o médico César Mussi Filho, que assinou o atestado, a decisão
foi tomada para que a pessoa não corra o risco de sofrer um acidente de
trabalho.
“Por mais habilidade que ele tenha, não é como uma pessoa que
tem seus membros normais para se equilibrar, se apoiar em uma escada,
assim por diante”, informa.
No entendimento do promotor Sérgio Salomão, o pintor não poderia ser
desclassificado sem antes passar pelo estágio probatório.
O Ministério
Público solicita também que seja observada a reserva de vagas para
deficientes nos concursos públicos realizados pela Prefeitura de
Apucarana. Caso a recomendação não seja atendida, o MP pode entrar com
uma ação na Justiça.
“Estamos respondendo de imediato a recomendação do
promotor, informando que neste recente concurso foi rigorosamente
cumprida o que determina a legislação em relação aos deficientes”,
observou o procurador do município, Paulo Sérgio Vital.
Fonte: G1 Paraná Norte e Noroeste
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