Algumas famílias enfrentam dificuldades em conseguir tratamento adequado pelo poder público em Mogi das Cruzes (SP), apesar de existir uma lei federal que garante direitos aos autistas.
Os gêmeos Fábio e Fabrício, de 26 anos, foram diagnosticados autistas.
A
luta para conseguir tratamento é grande. Eles até chegaram a frequentar
a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae),
mas a mãe conta que as atividades não são voltadas para este tipo de
síndrome.
“O tratamento deles era de meia hora. Eles começaram a se
cansar de levantar às 7h30, ir lá e voltar. E eu fui obrigada a tirar.
Eu senti muito, porque lá tinha equoterapia, fisioterapia”, explica
Creusa Rosa de Sousa.
Atualmente, eles passam o dia todo em casa e por isso não conseguem
evoluir. A mãe abandonou todas as tarefas diárias por causa dos filhos,
que exigem cuidados em tempo integral.
Eles não vão ao banheiro
sozinhos, não sabem tomar banho e dependem de ajuda até para se
alimentar. Há ainda crises de agressividade. “Eles têm direitos
adquiridos, só que isso na prática não é exercido”, reclama a mãe.
Uma lei em vigor desde 2012 garante ao autista o acesso gratuito a
todas as suas necessidades. O texto ainda destaca algumas ações como
atendimento multiprofissional, com nutrição, terapia e medicamentos,
além do acesso à educação.
R$ 7 mil mensais
Outra familia luta há 37 anos para conseguir um tratamento adequado
para o filho autista. O quadro clínico do rapaz piorou com a idade.
Denilson frequentou escolas especiais, mas quando cresceu ficou sem
amparo e os pais precisaram interná-lo em uma clínica.
Os pais chegaram a criar uma associação para autistas que contava com
psicólogos e voluntários.
Há dois anos, o Diário TV mostrou o trabalho
da instituição, que fechou as portas por falta de apoio e recursos
financeiros.
“Voltamos à batalha novamente com a Prefeitura para
conseguir uma sede, subvenção municipal. Mas, infelizmente, nunca
conseguimos atingir as necessidades da Prefeitura para que nos desse
essa verba. Na verdade fomos ignorados”, afirma a mãe, Aparecida dos
Santos.
A necessidade de colocar o filho numa clínica veio depois que ele
começou a se agredir. A mãe sente saudades, mas sabe que ele está
recebendo todos os cuidados que precisa numa clínica particular em
Atibaia.
O custo para manter o paciente na unidade é de R$ 7 mil por
mês. A familia só conseguiu pagar a primeira mensalidade e não tem
condições financeiras de renovar o contrato.
“Meu marido fez empréstimo
porque ele é aposentado e esse empréstimo faz falta porque saiu do nosso
orçamento. Quer dizer, tiramos da boca para poder pagar a clínica”,
continua Aparecida.
Em 2011 eles resolveram acionar a Justiça, já que nem o Estado e nem a
Prefeitura oferecem suportes para este tipo de paciente.
“A clínica é a
defesa da vida dele. É a salvação da vida do meu filho. Então... eu
preciso que haja justiça e que o meu filho seja custeado pelo município,
pelo Estado, porque é um direito do meu filho”, finaliza a mãe.
Aparecida teve a decisão favorável pelo Tribunal de Justiça de São
Paulo. Agora, a Prefeitura de Mogi das Cruzes vai ser obrigada a pagar
pelo atendimento adequado. Porém, a administração municipal ainda não
foi notificada e também pode recorrer dessa decisão.
Prefeitura oferece tratamento
Em nota, a Prefeitura afirma que já ofereceu tratamento no Centro de
Atenção Psicossocial (Caps), que conta com atendimentos psicológicos e
psiquiátricos, além de terapias ocupacionais e assistência social.
Também diz que o paciente interrompeu voluntariamente o tratamento, mas
pode retornar a qualquer momento.
O advogado da família, Diamantino Pedro, afirma que a clínica é a única
solução. “No caso do Denilson, que tem um autismo de grau grave, ele
precisa de uma internação que fique sob cuidados médicos em tempo
integral.
A Prefeitura já ofereceu em tempos anteriores tratamento
durante alguma parte do dia, que não atende as necessidades que o
Denilson precisa.”
Fonte: G1 Mogi e Suzano
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