9 de abr. de 2014

Famílias de Mogi lutam por tratamento para filhos autistas

Profissional da área da saúde usando estetoscópio
Algumas famílias enfrentam dificuldades em conseguir tratamento adequado pelo poder público em Mogi das Cruzes (SP), apesar de existir uma lei federal que garante direitos aos autistas.
 
Os gêmeos Fábio e Fabrício, de 26 anos, foram diagnosticados autistas. 


A luta para conseguir tratamento é grande. Eles até chegaram a frequentar a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), mas a mãe conta que as atividades não são voltadas para este tipo de síndrome. 


“O tratamento deles era de meia hora. Eles começaram a se cansar de levantar às 7h30, ir lá e voltar. E eu fui obrigada a tirar. Eu senti muito, porque lá tinha equoterapia, fisioterapia”, explica Creusa Rosa de Sousa.

 
Atualmente, eles passam o dia todo em casa e por isso não conseguem evoluir. A mãe abandonou todas as tarefas diárias por causa dos filhos, que exigem cuidados em tempo integral.


Eles não vão ao banheiro sozinhos, não sabem tomar banho e dependem de ajuda até para se alimentar. Há ainda crises de agressividade. “Eles têm direitos adquiridos, só que isso na prática não é exercido”, reclama a mãe.
 
Uma lei em vigor desde 2012 garante ao autista o acesso gratuito a todas as suas necessidades. O texto ainda destaca algumas ações como atendimento multiprofissional, com nutrição, terapia e medicamentos, além do acesso à educação.
 
R$ 7 mil mensais
 

Outra familia luta há 37 anos para conseguir um tratamento adequado para o filho autista. O quadro clínico do rapaz piorou com a idade. 


Denilson frequentou escolas especiais, mas quando cresceu ficou sem amparo e os pais precisaram interná-lo em uma clínica.
 
Os pais chegaram a criar uma associação para autistas que contava com psicólogos e voluntários. 


Há dois anos, o Diário TV mostrou o trabalho da instituição, que fechou as portas por falta de apoio e recursos financeiros. 


“Voltamos à batalha novamente com a Prefeitura para conseguir uma sede, subvenção municipal. Mas, infelizmente, nunca conseguimos atingir as necessidades da Prefeitura para que nos desse essa verba. Na verdade fomos ignorados”, afirma a mãe, Aparecida dos Santos.
 
A necessidade de colocar o filho numa clínica veio depois que ele começou a se agredir. A mãe sente saudades, mas sabe que ele está recebendo todos os cuidados que precisa numa clínica particular em Atibaia. 


O custo para manter o paciente na unidade é de R$ 7 mil por mês. A familia só conseguiu pagar a primeira mensalidade e não tem condições financeiras de renovar o contrato. 


“Meu marido fez empréstimo porque ele é aposentado e esse empréstimo faz falta porque saiu do nosso orçamento. Quer dizer, tiramos da boca para poder pagar a clínica”, continua Aparecida.
 
Em 2011 eles resolveram acionar a Justiça, já que nem o Estado e nem a Prefeitura oferecem suportes para este tipo de paciente. 


“A clínica é a defesa da vida dele. É a salvação da vida do meu filho. Então... eu preciso que haja justiça e que o meu filho seja custeado pelo município, pelo Estado, porque é um direito do meu filho”, finaliza a mãe.
 
Aparecida teve a decisão favorável pelo Tribunal de Justiça de São Paulo. Agora, a Prefeitura de Mogi das Cruzes vai ser obrigada a pagar pelo atendimento adequado. Porém, a administração municipal ainda não foi notificada e também pode recorrer dessa decisão.
 
Prefeitura oferece tratamento
 

Em nota, a Prefeitura afirma que já ofereceu tratamento no Centro de Atenção Psicossocial (Caps), que conta com atendimentos psicológicos e psiquiátricos, além de terapias ocupacionais e assistência social. Também diz que o paciente interrompeu voluntariamente o tratamento, mas pode retornar a qualquer momento.
 
O advogado da família, Diamantino Pedro, afirma que a clínica é a única solução. “No caso do Denilson, que tem um autismo de grau grave, ele precisa de uma internação que fique sob cuidados médicos em tempo integral. 


A Prefeitura já ofereceu em tempos anteriores tratamento durante alguma parte do dia, que não atende as necessidades que o Denilson precisa.”




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