Em meio a uma agenda cheia de compromissos variados, o músico, fotógrafo e videomaker Gustavo Portela e o ator Démick Lopes vêm buscando espaço para finalizar o documentário Movimentos, iniciado em janeiro deste ano.
A proposta da dupla é retratar a história de alguns artistas cearenses com algum tipo de deficiência.
A proposta da dupla é retratar a história de alguns artistas cearenses com algum tipo de deficiência.
Segundo eles, faltam apenas dois dias de filmagens, programados para o início de março. Se tudo correr bem, o curta-metragem de cerca de 15 minutos fica pronto até o meio de 2013, ainda com tempo de entrar para a programação do Cine Ceará.
Contemplado em 2011 no Edital de Cinema e Vídeo da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (Secult), Movimentos
vem sendo maturado por Gustavo desde 2009. Inicialmente, a ideia era um
projeto maior que incluiria CD, DVD e um documentário sobre a própria
carreira.
Por conta dos custos altos, ele desmembrou em outros projetos
e, quanto ao DVD, preferiu falar de outros artistas no lugar de si
mesmo. “(Fazer o filme) é um aprendizado e uma descoberta. Não sou de
uma família de músicos, nem de outras pessoas com deficiência.
Por isso
tive que descobrir uma forma de tocar, de fotografar. Comecei a trabalhar com arte muito cedo e só comecei a me enxergar como pessoa com deficiência na adolescência”, lembra Gustavo.
No entanto, o assunto deficiência somente tangencia o filme. A ideia é
focar nas carreiras de cada um dos retratados. “A arte tem que ter a
capacidade de sair do gueto. Se eu parasse para falar só em deficiência,
seria muito pequeno”, explica Démick Lopes que adotou como regra fugir
do lado “piegas” do tema para falar mais sobre arte. “Eu, como ator,
também enfrento dificuldades o tempo todo. Por isso, o que me toca é a
busca de cada um deles, que também é a minha busca”.
Personagens
Entre os nomes cogitados para fazer parte de Movimentos, estão o artista plástico Francisco Almeida e o grupo musical Asa Branca.
No início das filmagens, o primeiro a dar depoimento foi João Paulo
Lima. Professor de português e espanhol para estrangeiros, com mestrado
em Letras pela Universidade Federal do Ceará (UFC),
ele começou a se interessar pela dança por volta de 2005, quando
integrava o coral da universidade.
Começou com o espetáculo Gonzagas,
onde exibia o corpo e a voz em cena. Em seguida, estudou balé clássico
e, ao lado da coreógrafa Valéria Pinheiro, começou uma pesquisa sobre
uma nova percepção do corpo.
Deste trabalho com Valéria, nasceu o espetáculo Assim é, se lhe
parece!. “Esse foi meu trabalho mais vanguardista, isso dentro de uma
cidade sem um grupo de dança de pessoas com deficiência”, avalia João
Paulo, que em seguida passou pelo curso técnico de dança do Instituto
Dragão do Mar. Atualmente, ele está em Londres, Inglaterra, fazendo uma
residência de seis meses na Candoco Dance Company.
Para João Paulo, que perdeu a perna direita aos 12 anos por conta de um câncer na rótula, existe um grave problema social envolvendo
a questão da deficiência. “(No Brasil), uma pessoa com deficiência com
certo conhecimento e ainda artista, é quase um ET.
Uma pessoa com
deficiência aqui (na Inglaterra) está formada em teatro, dança,
engenharia. É muito político ser bailarino com deficiência”, comenta
ele, que agora planeja um registro das suas experiências fora do País.
Foto: Éden Barbosa / Divulgação
Fonte: O Povo
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