26 de mar. de 2013

Neurocientista mostra avanços em projeto para paraplégico andar na Copa

Ilustração de DNA
Uma corrida da ciência contra o tempo! Um pesquisador brasileiro quer fazer uma pessoa com paralisia voltar a andar, na abertura da Copa de 2014. 

O neurocientista Miguel Nicolelis está numa corrida contra o tempo, e ele mesmo se impôs. Ao ser questionado se isso não seria um pouco anticientífico, ele disse que não.

“Não. Nós sabemos dosar o que é que precisa ser feito a longo prazo e o que pode ser canalizado pra uma demonstração técnica. Nós vamos demonstrar a viabilidade de um conceito, que começou a ser desenvolvido  há 15 anos atrás”, diz Miguel Nicolelis, neurocientista.

O conceito virou um projeto ambicioso e polêmico. Fazer um jovem paraplégico, do Brasil, voltar a andar. O objetivo é ousado e a ocasião, a mais pública possível: o primeiro jogo da Copa do Mundo de 2014, marcado para São Paulo.

“Nós temos as nossas equipes nos Estados Unidos, na Europa e no Brasil trabalhando em coordenação. Estamos correndo contra o tempo”, diz Nicolelis.

E à frente dessa pesquisa tão avançada, na Universidade Duke, uma das melhores do mundo, está um brasileiro: o neurocientista paulistano Miguel Nicolelis.

“Essa demonstração é simplesmente para revelar ao mundo o potencial que essa área de pesquisa tem no futuro de reabilitar milhões de pessoas que hoje vivem ou em cadeiras de rodas ou em leitos sem poder se mexer”, diz Miguel Nicolelis.

Se tudo der certo, o paciente com paralisia vai usar um traje  robótico, chamado de exoesqueleto. Ou seja, um esqueleto por fora do corpo. E todos os movimentos serão controlados só com a força do pensamento.

No ano passado o programa Fantástico, da TV Globo, mostrou o primeiro protótipo de uma perna de exoesqueleto. Só tinha uma, tinha acabado de ficar pronta, e o programa até precisou improvisar um pouco para mostrar como ela funcionava. Mas agora avançou bastante. São duas pernas, com pés, e o aspecto geral já é de uma coisa muito mais bem acabada. A pesquisa está seguindo.

A equipe de Nicolelis atua em várias frentes. Mas o objetivo é um só: por meio de estudos com animais, aprender a captar, interpretar e transmitir os sinais do cérebro para que eles se transformem em movimento.

O trabalho parece um videogame. “Nós últimos seis meses, avançamos com o nosso conceito de criar avatares realistas de animais, de primatas, para treinar os animais nas tarefas”, explica, Miguel Nicolelis.

O avatar é um desenho, uma representação gráfica do animal.


O projeto, chamado de Walk Again(tradução: Andar de novo), reúne pesquisadores dos Estados Unidos, da Europa e do Brasil. E é do Brasil que vem boa parte da verba. O governo federal liberou mais de R$ 30 milhões para o projeto Walk Again.

Para entrar na fase humana da experiência, o grupo de Nicolelis fechou uma parceria com a Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD).

“O que nós vamos fazer é apostar toda a nossa experiência com os nossos pacientes para complementar o projeto dentro de um laboratório de neurorobótica”, diz o superintendente geral da AACD João Octaviano Machado Neto.

E uma outra etapa foi cumprida: a Fifa autorizou oficialmente a demonstração na abertura da Copa.

“Nos foi dado o sinal verde para continuar os trabalhos e para planejar a possibilidade se tudo der certo, se tudo estiver pronto, de fazer essa demonstração”, acredita Nicolelis.
Agora, resta aos cientistas correr contra o tempo. E apresentar o resultado daqui a um ano, dois meses e 19 dias.

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