A associação de cirurgia de catarata e transplante lamelar de córnea
devolveu a visão a um paciente de 30 anos, portador de catarata e
ceratocone.
“No Brasil, esta é a primeira vez que as duas cirurgias são
feitas ao mesmo tempo e só existe o relato de uma outra feita no mundo”,
conta o médico Roberto Pinto Coelho, do Hospital das Clínicas da
Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HCFMRP) da USP.
O procedimento rendeu ao médico o prêmio de melhor cirurgia
apresentada durante o oitavo Congresso Brasileiro de Catarata e Cirurgia
Refrativa, que aconteceu em junho, na Bahia. Com o prêmio, o caso será
apresentado em 2016 nos Estados Unidos, no Congresso Anual da American Society of Cataract and Refractive Surgery (ASCRS).
Complexidade
A associação dos procedimentos torna a cirurgia difícil e
tecnicamente complexa, segundo o Coelho. O médico combinou as técnicas
de facoemulsificação e transplante lamelar de córnea.
Na
facoemulsificação é feita uma incisão na córnea de
cerca de 3 milímetros (mm) para fragmentar e aspirar o cristalino
doente. Esse cristalino é retirado e no seu lugar implantada uma lente
intra-ocular que fará o paciente enxergar com mais nitidez.
Já o
transplante lamelar de córnea é um procedimento onde somente a parte
doente da córnea (o estroma corneano) é retirada. A parte sadia, a
membrana de descemet (uma das camadas do olho) e o endotélio, é mantida.
Segundo o médico, a cirurgia é minuciosa, pois “a córnea tem 530
micra (milésimo de milímetro) de espessura e a camada preservada, onde
estão as principais células da córnea, tem 20 micra de espessura”.
As camadas, diz, são precisamente separadas por uma injeção de ar, técnica conhecida como Big Bubble
(grande bolha).
“É uma técnica complexa que se torna muito mais difícil
de ser realizada quando associada à cirurgia de catarata, mas é a
melhor opção para pacientes com catarata e ceratocone avançados”, afirma
o médico.
Para Coelho, essa técnica é importante, por diminuir a probabilidade
de rejeição e outras complicações a longo prazo, além de oferecer
reabilitação visual rápida.
Catarata e Ceratocone
A catarata é uma doença comum em pacientes de idade mais
avançada, mas em alguns casos pode aparecer mais cedo, quando é
genética, por exemplo, ou pode ser ocasionada por algum tipo de lesão na
visão, como traumatismo, diabetes, uso de medicamentos.
Segundo
Coelho, a catarata atinge 50% das pessoas acima de 50 anos, 80% acima de
70 anos e chega a atingir 100% daquelas acima de 80 anos.
Já o ceratocone é uma doença progressiva que deforma a córnea
provocando o afinamento progressivo das camadas corneanas.
À medida que a
córnea vai se tornando afinada o paciente percebe uma baixa da acuidade
visual, que pode ser moderada ou severa. “Uma a cada 2 mil pessoas
desenvolve ceratocone”, conclui Coelho.
Fonte: Agência USP de Notícias
Nenhum comentário:
Postar um comentário