Quando Elijah Bell nasceu, sua família levou um choque ao descobrir que ele não tinha orelhas.
Depois de cinco cirurgias, o garoto americano finalmente pôde começar
seu ano escolar, na semana passada, com um par de orelhas novas, feitas
com cartilagem retirada de suas próprias costelas.
Elijah, hoje com 8 anos, tem uma condição chamada microtia bilateral e,
apesar da ausência das orelhas, é capaz de ouvir com a ajuda de um
aparelho auditivo de condução óssea (BAHA, na sigla em inglês).
Descobrir que o filho tinha nascido com esse problema não foi fácil
para a família. “Foi assustador, confuso e de partir o coração” disse
sua mãe, Colleen Bell, em entrevista ao G1 por e-mail.
Logo após o
nascimento, ele fez exames para verificar a saúde de outros órgãos e
checar se era capaz de ouvir normalmente.
“Ele ouve em volume normal,
mas não tem a habilidade de ouvir direcionalmente. Ele usa dois
aparelhos auditivos BAHA, que captam os sons, vibram contra seu crânio e
isso faz seu ouvido vibrar também”, conta Colleen.
Por causa da microtia, sons muito altos como o de um cortador de grama
ou da máquina de lavar louça podem trazer grande incômodo para o menino,
que também tem dificuldade em selecionar e distinguir os sons quando
está diante de várias fontes de barulho. Mas, na maior parte do tempo,
seu cotidiano é como o de qualquer outra criança.
A mãe conta que Elijah sempre foi bem acolhido por outras crianças.
“Havia algumas crianças cruéis às vezes, mas de maneira geral nossa
igreja, nossos amigos, as escolas e os times de esporte sempre receberam
Elijah sem problemas. A parte mais difícil eram os olhares que ele
costumava receber”, diz.
Baixa autoestima
Apesar de não dizer que se sentia mal por não ter orelhas, a família
percebia que a autoestima de Elijah era baixa.
“Ele ficava tímido diante das pessoas, não gostava de ser o centro das atenções e tinha um problema com raiva. Ele vinha passando por aconselhamento para ajudar a reconhecer maneiras corretas de expressar seus sentimentos e, a partir disso, surgiu um sentimento de estar chateado por ser diferente. Sabíamos que precisávamos reverter isso”, diz Colleen.
A família decidiu, então, que a criança se submeteria aos procedimentos
para ter orelhas novas implantadas. Quem coordenou o procedimento foi o
médico
Ananth Murthy, diretor de cirurgia plástica do Hospital Infantil
de Akron, no estado de Ohio.
Ao todo, foram cinco cirurgias: a
primeira, foi quando o menino tinha 4 anos e a última foi no dia 28 de
julho.
O médico observa que, com idades entre 6 a 8 anos, as crianças já têm
orelhas totalmente crescidas, por isso essa é uma idade boa para a
realização do implante.
Primeiro, ele teve cartilagem da costela retirada para “esculpir” uma
das orelhas, que foi implantada sob a pele do lado direito da cabeça. Em
seguida, o mesmo foi feito do lado esquerdo.
Depois, houve uma cirurgia
para criar espaço entre a orelha e a cabeça. Foram feitas, ainda, duas
cirurgias para acentuar as curvas e reentrâncias naturais de uma orelha.
“Ele não entendia totalmente o que estava acontecendo, mas ele amava a ideia de ter orelhas novas e foi a criança mais corajosa do mundo. Foi bem doloroso, mas ele amava o período em que ficava no hospital porque ele ganhava leite achocolatado em todas as refeições”, conta a mãe.
Ela
acrescenta que, entre todas as cirurgias, o procedimento mais doloroso
foi a retirada da cartilagem da costela.
Colleen relata que, na segunda-feira passada, Elijah viu a versão final de suas orelhas. “Foi um momento muito especial.”
Fonte: Bem Estar / Vida Mais Livre
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