Pouco mais de 15 mil alunos com algum tipo de deficiência estão matriculados em escolas regulares da Paraíba, de acordo com dados do Censo Escolar de 2014, estudo realizado pelo Inep.
O número é maior que o registrado em 2010, quando eram apenas 10 mil
matrículas, mas o quadro ainda está longe do ideal na opinião da técnica
pedagógica da Fundação de Apoio ao Deficiente da Paraíba (Funad), Ana
Paula Soares.
"A educação é um direito constitucional, fundamental, que
em um contexto de garantia de direitos torna-se um direito
inquestionável e incondicional”, justifica.
O Estatuto da Criança e do Adolescente, que completou 25 anos no dia 13, prevê em seu artigo 54 "atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino".
Para Ana Paula, independente do crescimento nos números, os desafios
vão muito além.
Segundo ela, uma das principais lutas da Funad é
exatamente realizar a inclusão destes alunos e diminuir o preconceito
que ainda existe, às vezes dentro da própria escola.
“A escola tem que
ensinar a uma criança com deficiência, assim como ensina aos demais",
defende.
A tentativa de inclusão dessas crianças e adolescentes tomou mais corpo
em 2008, quando o Ministério da Educação assumiu o compromisso técnico e
financeiro de promover uma educação inclusiva.
Porém, Ana Paula
defende que não é suficiente apenas uma decisão política.
“O conceito de
acessibilidade como forma de promoção da igualdade de condições entre
todos indistintamente deve ser incorporado por toda a sociedade visando
assegurar às pessoas com deficiência a participação plena de todos os
aspectos da vida. A educação é um direito constitucional, fundamental,
que em um contexto de garantia de direitos torna-se um direito
inquestionável e incondicional”, justifica.
Melhorias na infra - estrutura
Outro problema é a estrutura física das escolas, considerado o desafio
que mais afeta diretamente a permanência destes alunos nas escolas.
Ana
Paula afirma que a matrícula é assegurada por lei e que nenhuma escola,
pública ou privada, pode negar este direito. Mas reitera que “compete
às escolas, como centros de ensino, criar as condições para o acesso e
permanência de todos os alunos, independente da condição de
deficiência”. Seja no tocante ao ensino, como também à parte
arquitetônica.
O quadro desenhado pela técnica pedagógica revela as crianças que se
matriculavam, mas não tinham como permanecer nas escolas por falta de
rampas de acesso, banheiros adaptados, pessoal suficiente para prestar o
apoio.
Isso tornava praticamente impossível a permanência deles nas
escolas regulares, forçando-os a ter que ir para escolas especiais, como
a Associação de Pais e Amigos dos Excepicionais (Apae).
Pessoal qualificado
Outro avanço considerado importante é a presença de auxiliares dentro
das salas de aula para atenderem as necessidades específicas destes
alunos.
Isso inclui professor do atendimento educacional especializado,
tradutor e intérprete de Libras, instrutor de Libras, brailista,
profissionais que têm a função de apoiar inclusão escolar seus alunos.
De acordo com Ana Paula, a Funad tem investido maciçamente na formação
de professores que atuam na sala regular, no atendimento educacional
especializado e dos demais profissionais da educação.
Para isso, são realizadas formações na área de educação inclusiva,
Libras (para garantir o acessibilidade comunicativa dos alunos surdos e
com deficiência), Braille (escrita e leitura dos alunos cegos e ou com
baixa visão) e o Sorban (linguagem matemática para alunos cegos e ou com
baixa visão).
Mas ela alerta que, apesar do avanço, ainda há muito a se fazer. Com o
crescimento do número de matrículas, vem sempre a necessidade de se
aumentar o número de pessoal de apoio.
“Sempre vamos precisar de mais
profissionais pois está crescendo muito o número destes alunos dentro
das escolas. Não estamos no patamar perfeito, mas já avançamos muito”,
avalia.
Ela revela que ainda existe um certo preconceito e insegurança em
relação ao tema, às vezes por parte de alguns professores.
"Recebo às
vezes a reclamação de alguns professores que alegam não estar prontos
para dar aulas a alunos especiais, mas o que eu digo a eles é que não há
diferença. A inclusão começa daí. É preciso entender isto. É o primeiro
passo”, afirmou.
"É claro que tem a questão da aprendizagem, alguns alunos com algumas
deficiências vão precisar de um tempo maior. Mas também tem alunos que
não têm deficiência alguma, mas que também vão precisar de uma atenção
maior", explica a especialista.
Fontes: G1 / Vida Mais Livre
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