1 de mar. de 2016

Pacientes com deficiência apresentam melhorias após equoterapia em MG

 Menino com Síndrome de Down abraça um cavalo marrom



"‘Ele ganhou autonomia" disse a mãe de Henrique Coimbra que tem 11 anos e nasceu com Síndrome de Down. 


Ele é um dos pacientes do Centro Básico de Equoterapia de Divinópolis, projeto que utiliza o cavalo como principal recurso para estímulos sensoriais, motores, educacionais, sociais e emocionais.


Henrique faz o tratamento há um ano e meio e segundo a mãe, Tânia Coimbra, muitas pessoas perceberam mudanças na criança, pois o cavalo o ajudou a conquistar autonomia e dominar o medo. 


Segundo ela, o resultado tem sido satisfatório, já que o garoto tinha dificuldades em se relacionar, era tímido e inseguro.


“Na equoterapia cada um trabalha de acordo com a necessidade e para o meu filho foi muito importante, principalmente porque focaram na melhoria da insegurança, timidez e do medo que ele tinha. Ele era muito retraído, tinha muita vergonha, hoje eu sinto o Henrique com maior autonomia, além disso, ele está mais educado e sabe diferenciar os deveres e os direitos dele”, disse.


De acordo com a diretora do projeto Naira Cândida Prado, o método de desenvolvimento e melhorias ocorre de acordo com cada paciente. No caso de Henrique, as mudanças vieram depois de um ano de tratamento. 


“No início, Henrique nem entrava na baia, porém durante o processo nós fomos conversando e mostrando a ele que o animal era dócil. Aos poucos, ele subiu no cavalo e hoje depois de muito trabalho e persistência ele já está aprendendo a usar a rédea e para que isso ocorresse durou um ano e meio”, finalizou.


Além de Henrique, a Ana Luiza Alves de Oliveira, de 10 anos, que faz tratamento equoterapêutico há quatro meses no Centro de Divinópolis, também teve melhorias no desenvolvimento da coordenação motora e emocionalmente. 


Ela, que aos três anos foi diagnosticada com atrasos no desenvolvimento e déficit cognitivo na coordenação motora, é uma das crianças beneficiadas pelo projeto da Equoterapia de ‘Apadrinhamento’, um benefício que ajuda crianças carentes a realizar o tratamento de graça, com apoio de empresas da cidade.


“O tratamento para a minha filha está me ajudando muito, tanto no motor, quanto no emocional, pois ela era muito agitada, hoje está mais calma e teve melhoras significativas na sala de aula. Eu não teria condições de pagar o tratamento, porque eu preciso manter outros gastos, como natação, médicos, e outros tratamentos para ela, que ficam muito caros. É graças à ajuda deste projeto de apadrinhamento que minha filha tem estimulado mais o corpo, está andando com mais equilíbrio, está conseguindo escrever .Está desenvolvendo bastante, dentro dos limites dela”, disse Erica Cristina Alves, mãe da paciente.


 

Centro Básico de Equoterapia em Divinópolis



O Centro Básico de Equoterapia em Divinópolis está em funcionamento desde 2013 e atende 18 pacientes, sendo a maioria crianças, com diversas patologias, entre autismo, paralisia cerebral, transtornos de déficit de atenção, hiperatividade (TDAH), Síndrome de Down, atraso do desenvolvimento neuropsicomotor e dificuldade na aprendizagem, entre outros. 


Durante o tratamento são trabalhados a fisioterapia e a terapia ocupacional.


De acordo com a diretora Naira Prado, o cavalo realiza movimentos tridimensionais, que estimulam músculos e proporcionam benefícios como equilíbrio, padrão motor de movimentação, coordenação dos movimentos, conscientização corporal e aumento da autoconfiança. 


Além disso, o tratamento com a equoterapia previne a evolução do quadro do paciente e contribui para uma redução de sintomas, além de ajudar o paciente a ter mais autonomia, facilitando a reinserção de portadores de necessidades especiais na sociedade.


Para Bruna Nascimento, de 23 anos, que é estudante de fisioterapia e faz estágio no local, além dos cuidados com o desenvolvimento dos pacientes, a equoterapia desenvolve um trabalho de disciplina e educação, que auxiliam na melhoria do desenvolvimento emocional e psicológico.


“O trabalho realizado pela equipe de equoterapia vai muito além dos cuidados com motricidade, equilíbrio, flexibilidade Eu observo que existe um olhar multidisciplinar no atendimento. Eles realizam o tratamento em busca da melhor funcionalidade de cada criança, além do carinho e respeito com elas, cada sorriso, ou movimento conquistado pela criança é uma alegria enorme para todas nós”, concluiu.


O cavalo, além de tornar-se um instrumento para que o deficiente ganhe força física e autonomia, ele auxilia no desenvolvimento emocional, já que durante o tratamento são realizados exercícios de cumprimento e atividades de relacionamento com o animal, como penteá-lo e alimentá-lo.


A diretora do projeto também informou que o objetivo da equoterapia é fazer com que o paciente se torne funcional. 


“O desenvolvimento pode ou não ser demorado, mas os resultados são ao longo do tempo e de forma sútil. O que queremos é a independência do paciente, que ele se torne funcional e consiga realizar atividades diárias necessárias, como lavar a mão, escovar os dentes e pentear o cabelo”, disse Naira Prado.

 

Projeto de Apadrinhamento



O Centro de Equoterapia de Divinópolis recebe ajuda de três empresas. Conforme Naira, o objetivo do projeto é dar a oportunidade para crianças que não possuem condições financeiras de realizar o tratamento. 


A empresa faz um contrato de 12 meses com o centro, e recebe a cada seis meses o relatório de desenvolvimento do apadrinhado. Além de custear o tratamento, a empresa pode fazer ainda a troca de serviços.


“Nós queremos oferecer o tratamento equoterapêutico também para quem não pode pagar, eu estou aqui para atender e foi por isso que criei o projeto de ‘Apadrinhamento’. No início batia de porta em porta nas empresas para conseguir parcerias, nós já conseguimos, mas quem quiser ajudar é só procurar o Centro aqui em Divinópolis e nós damos o recibo, que pode ser descontado no imposto de renda. Além disso, em alguns casos, também realizamos a troca de serviços”, explicou.


Atualmente cinco pessoas são atendidas pelo apadrinhamento. A terapeuta fez uma seleção de crianças que são tratadas na APAE e na Associação Céu Azul e, segundo Naira, a prioridade é atender famílias que realmente não têm condições de arcar com o tratamento.


“Temos três empresas que são parceiras do projeto. Um dos padrinhos nos ajuda com parte do feno e ração para tratar dos cavalos. Mas, só ter o apadrinhamento não adianta, a criança tem que ter encaminhamento médico, ela tem que estar autorizada a fazer o tratamento e o padrinho pode vir conhecer o afilhado”, finalizou.



Fontes: G1 / Vida Mais Livre


 

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