Pessoas com deficiência encontram dificuldades em conseguir emprego no Alto Tietê (SP).
Algumas empresas cumprem a cota
exigida por lei, que varia de acordo com o número de funcionários, e
têm no quadro pessoas com deficiência.
Mas quem faz parte desse grupo
acredita que ainda existem alguns obstáculos.
Francisca Pereira da Costa tem 45 anos. Com 9 meses teve poliomielite.
A doença atrofiou os músculos das pernas e ela nunca conseguiu andar,
mas isso não a impediu de levar uma vida sem restrições dentro de casa.
"Moro sozinha com a minha mãe, faço de tudo da casa e mexo com
computação, faço trabalhos manuais. Isso nunca me impediu de exercer
qualquer função”, diz ela.
O problema é quando ela tenta conseguir um emprego. Todos os dias
Francisca busca na internet por vagas para pessoas com deficiência.
Uma lei no Brasil obriga que de 2% a 5% dos trabalhadores de empresas
com mais de 100 funcionários possuam algum tipo de deficiência. Por
isso, opções de anúncios não faltam. A questão, para Francisca, está no
critério utilizado na hora da contratação.
"É fácil contratar um
deficiente com a deficiência mínima, que a firma não vai ter que mexer
na estrutura. Se ela for pegar um cadeirante, algumas vão ter que mexer
na estrutura, isso se torna cada vez mais difícil para o cadeirante”,
fala.
O diretor de RH Claudemir Turquetti de uma empresa de Mogi das Cruzes,
explica que a contratação não é definida pelo tipo de deficiência que a
pessoa possui.
"Nossos critérios são definidos por necessidade e depende
da localização aonde vai ser realizada a operação”, explica.
Ele também fala que as adaptações no ambiente de trabalho dependem das
funções. Hoje a empresa é toda estruturada para receber esses
funcionários. Os prédios possuem rampas de acesso e elevadores. Isso,
segundo o diretor de RH, não é só por causa da lei. Tanto que a empresa
já tem um número superior ao da cota exigida e ainda vai contratar mais.
"Nós temos vagas para trabalhar nas lojas de atendimento da empresa,
também temos vagas para trabalhar aqui em Mogi, na área do ônibus. Temos
em Poá, Itaquaquecetuba, todas as unidades a gente tem."
Atualmente na região estão disponíveis mais de cem vagas para as
pessoas com algum tipo de deficiência.
São 60 vagas para auxiliar de
produção e outras 25 para cobrador de transporte coletivo, entre outras.
Segundo a supervisora do Programa de Apoio à Pessoa com Deficiência
(Padef), Marinalva Cruz, os interessados devem procurar qualquer Posto
de Atendimento ao Trabalhador ou o Poupatempo.
“Aqui na região de Mogi
das Cruzes, por exemplo, pode vir até o Emprega Mogi, que fica dentro do
Terminal Estudantes”, esclarece.
Ela explica ainda que a maior dificuldade destas pessoas em conseguir
um emprego, está nas grandes barreiras que ainda existem.
“Barreira
arquitetônica seria a falta de acessibilidade em todos os sentidos, mas a
maior barreira é a atitudenal, que ainda é o preconceito, que ainda é a discriminação e principalmente a falta de informação.
Então, tanto a pessoa com deficiência, a sociedade e o empresário,
conhecem pouco desta realidade e isso acaba gerando uma dificuldade
enorme para o cidadão com deficiência conseguir uma vaga no mercado de
trabalho”, relata ela.
Sobre a dificuldade em conseguir emprego ela explica que a falta de
qualificação profissional pode estar ligada, já que isso é de fato um
problema geral no país.
"Muitas empresas justificam a não contratação e
dizem que não existe mão de obra qualificada. Isso é um problema, mas
não é exclusividade da pessoa com deficiência. É obvio que a gente sabe
que algumas pessoas com deficiência acabaram tendo mais dificuldade de
acessar o ensino médio, o ensino técnico, mas isso não é uma
exclusividade de quem tem deficiência. De acordo com o Censo de 2010,
por exemplo, nós temos mais de 10 milhões de pessoas com ensino médio e
superior completo”, fala.
As pessoas com deficiência que querem encontrar uma vaga devem se cadastrar no site do programa Emprega São Paulo.
Fonte: G1
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