A primeira escola para pessoas com deficiência visual criada na Paraíba comemora 70 anos de história nesta sexta-feira (16).
O Instituto dos Cegos da Paraíba Adalgisa Cunha (ICPAC)
já atendeu a mais de 11 mil deficientes visuais nesses 70 anos de
funcionamento, segundo o atual presidente, José Antônio Freire. Hoje,
cerca de 200 pessoas são usuárias da instituição.
José Antônio explicou que tudo começou com um grande sonho de Adalgisa
Cunha. Ela presenciava muitos deficientes visuais pedindo esmola nas
suas e, com isso, surgiu o desejo de criar uma escola.
Ela visitou uma
instituição já existente no Rio de Janeiro para conhecer o funcionamento
e se juntou com outras mulheres para abrir o Instituto dos Cegos, em
1944.
“Ela mesma que fez tudo. Ela transcrevia os livros para Braille a
mão, usando um reglete [aparelho de escrita em Braille]. Dona Adalgisa
significou muito para os deficientes visuais. Eu não sei se muitos
cegos, que hoje são grandes profissionais, teriam o mesmo êxito se não
fosse ela”, acredita o presidente.
O Instituto dispõe de reforço escolar no turno oposto às aulas dos
estudantes, apoio psicológico, reabilitação e cursos de capacitação,
além de atendimento de fisioterapeutas, fonoaudiólogos, médicos,
terapeutas ocupacionais, assistentes sociais, pscicólogos e educadores
físicos.
Também estão disponíveis para os usuários uma brinquedoteca, equipada com brinquedos direcionados aos deficientes visuais, e um biblioteca, com livros em Braille, histórias registradas em áudio em formato de CD e MP3 e filmes adaptados com audiodescrição.
Vanessa Veloso, de 25 anos, chegou ao Instituto dos Cegos aos 10 anos,
quando o lugar ainda funcionava como internato. Lá, ela cursou da
primeira à quarta série do ensino fundamental e foi afalbetizada em
Braille.
Depois de sair da instituição, ela concluiu o ensino médio e
hoje trabalha como professora de Braille na Fundação Centro Integrado de
Apoio ao Portador de Deficiência (Funad).
“Se não fosse o instituto, eu não teria condições de ir à escola. Até
porque eu sou de Mogeiro, no interior da Paraíba, e não tinha onde
ficar. Hoje, participo de projetos, de monitorias e ainda faço curso de
informática”, relatou Vanessa.
A jovem nasceu cega devido a uma catarata
congênita. Ainda criança, ela fez uma cirurgia que a ajudou a melhorar a
percepção e, por isso, ela tem cerca de 10% da visão, conseguindo
distinguir, inclusive, cores.
Segundo José Antônio Freire, o instituto ajuda os deficientes a
superarem suas limitações e se capacitarem.
“A gente vive em um país
muito preconceituoso com negros, índios, mulheres e deficientes.
Precisamos reverter esse quadro com a educação e mostrando o potencial
da pessoa com deficiência. As pessoas têm que entender que nós temos
apenas uma deficiência, uma limitação. Nós podemos fazer a maioria das
coisas que outras pessoas fazem”, garantiu o presidente do Instituto dos
Cegos.
José Antônio ficou cego aos 16 anos, quando caiu durante uma partida de
futebol, bateu a cabeça e deslocou a retina.
“Temos que confrontar essa
ideia de que as pessoas cegas sejam incapazes de qualquer atividade.
Isso se vence com mais educação e mais cultura. E às vezes a gente tem
uma missão na vida. Talvez se o acidente não tivessa acontecido, eu não
estivesse hoje lutando pelos direitos dos deficientes”, concluiu.
Doações
A instituição recebe ajuda da Prefeitura e do Governo com cessão de
alguns profissionais, mas depende de doações para pagamento de pessoal e
outras despesas.
Quem quiser ajudar, pode doar dinheiro ou materiais
que possam ser usados no local, como equipamentos eletrônicos ou
eletrodomésticos e material escolar.
“Qualquer tipo de doação é bem aceita. E eu sempre prefiro que, antes
de doar qualquer coisa, as pessoas venham aqui conhecer o nosso
trabalho”, comentou o presidente. O telefone para contato do Instituto
dos Cegos é (83) 3244-7264.
Fonte: G1
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