Os alunos cegos da Universidade Federal da Bahia (UFBA) começaram a utilizar, este ano, um aplicativo que oferece às pessoas com deficiência visual a leitura em voz alta de textos que não foram passados para o braille.
Intitulado de Slep (Scanner Leitor Portátil), o
aplicativo foi desenvolvido por uma empresa que realiza pesquisas no
Parque Tecnológico da Bahia, localizado em Salvador. De acordo com o
coordenador do Parque, Leandro Barreto, a desenvolvedora do Slep faz
parte da “Incubadora de Empresas”.
“A ideia de um parque tecnológico é a geração de novas empresas, com
bases tecnológicas. Esse modelo é um dos mais utilizados no mundo
inteiro para estimular pequenas empresas tecnológicas. Nós prestamos
também consultoria em gestão e assessoramento para que a empresa fique
mais focada na área tecnológica”, explica Barreto.
Ainda segundo Leonardo, as empresas que passam pelo processo de
incubação “sobrevivem” por mais tempo porque todo o trabalho delas é
acompanhado pelo Parque.
A “Incubadora de Empresas” é voltada para micro e pequenos
empreendimentos, que têm o prazo de três anos para permanecer no local.
Contudo, “existem casos que acabamos postergando a permanência”, conta
Leonardo.
No caso da empresa que desenvolveu o Slep, o projeto durou cerca de um
ano e meio para ser concluído.
Os interessados podem baixar o aplicativo
por sete dias, e depois devem pagar o valor de R$150. Já os alunos da
UFBA utilizam o programa gratuitamente, pois a universidade comprou
diversas licenças e distribuiu para os estudantes.
Segundo Joselito Silva, engenheiro integrante da empresa que
desenvolveu o programa, eles esperam fazer parcerias com outras
universidades para a distribuição gratuita do aplicativo.
“A ideia de criar uma empresa surgiu no laboratório da UFBA”, conta o
engenheiro Joselito Silva. Segundo ele, o grupo era formado por
engenheiros mestrandos, doutorandos e alunos que faziam iniciação
científica.
Silva também diz que eles sempre pensaram em abrir uma empresa e no ano
de 2009 o desejo se transformou em realidade. Desde o começo, o
objetivo era fazer um scanner leitor.
No início do projeto, um scanner de mesa, custava em média R$ 30 mil. O
alto valor do produto foi um dos fatores que fez com que os engenheiros
pensassem em desenvolver um programa que levasse praticidade e
acessibilidade aos cegos, em um valor mais barato.
Como o Parque
Tecnológico da Bahia ainda não existia, eles conseguiram uma verba da
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb) para
desenvolver a ideia.
Quando os engenheiros começaram o projeto do scanner leitor, o objetivo
era criar um programa para o sistema Symbia, utilizado por alguns
fabricantes de aparelhos telefônicos móveis.
Ele foi desenvolvido só até
a metade de 2010, pois uma fabricante de aparelhos desistiu do sistema
operacional e o aplicativo não teria como funcionar. Com isso, não fazia
sentido terminar um projeto que não teria onde ser aplicado.
Depois, com o surgimento do Parque, a empresa inscreveu o projeto em um
edital de seleção e foram escolhidos para integrar a “Incubadora de
Empresas” do Parque Tecnológico.
Em 2012, eles precisaram recomeçar o
mesmo projeto, só que para o sistema Android. De acordo com Silva, os
engenheiros conseguiram reaproveitar algumas coisas do trabalho
anterior, mas precisaram refazer a maior parte do projeto.
Para a produção do Slep, a empresa ainda contou com a participação de
três consultores cegos do Instituto dos Cegos da Bahia, para ajustar o
aplicativo. Este ano, a empresa está terminando um sistema que servirá
para a localização dos ônibus.
Fonte: G1
Nenhum comentário:
Postar um comentário