A Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) promoveu nesta quarta-feira (30) um encontro entre familiares de autistas, parlamentares e o presidente do Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência (Conade), Antonio José Ferreira.
O objetivo foi discutir o decreto de regulamentação da lei de proteção aos autistas (Lei nº 12.764/2012).
A busca é de um consenso em torno do decreto, a ser editado pelo Poder
Executivo e cuja minuta está em análise no Conade. Este empenho foi
ressaltado, inclusive, pelo senador Wellington Dias (PT-PI), que
comandou a reunião e é pai de uma adolescente autista.
— Queremos um decreto que possa abraçar todo mundo — declarou o senador.
Pais e entidades que representam os autistas rejeitam a possibilidade
de o decreto de regulamentação estabelecer o tratamento dos portadores
do transtorno nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPs).
Estas unidades
surgiram com o fim da “desospitalização” psiquiátrica no país e
integram a Rede de Atenção Psicossocial financiada pelo Sistema Único de
Saúde (SUS) para pessoas com problemas mentais (esquizofrenia, por
exemplo) e dependentes de crack, álcool e outras drogas.
Ativistas da causa, como Berenice Piana, que é mãe de autista e dá nome
à Lei 12.764/2012, asseguram que os CAPs não têm condições de atender
às especificidades próprias do autismo.
Como o transtorno é
caracterizado como uma deficiência múltipla e complexa, seu tratamento
implicaria uma assistência multidisciplinar e não poderia ocorrer no
mesmo espaço de assistência a dependentes químicos e portadores de
doenças mentais.
— Nós queremos a ampliação da Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência
(instituída pela Portaria nº 793/2012, do Ministério da Saúde) nesta
regulamentação — reivindicou Ulisses Batista, pai de um adolescente
autista, durante a reunião da CDH.
Por outro lado, representantes de pacientes atendidos nos CAPs temem
que a resistência de familiares de autistas ao serviço possa levar a sua
desestruturação.
— Sou a favor da rede específica para os autistas na regulamentação,
mas temos que brigar para que os CAPs sejam ótimos numa sociedade que
não quer mais os manicômios — advertiu Mariene Martins, outra
participante do encontro.
Fonte: Senado Federal
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