Mesmo com o direito objetivo - previsto em lei e nas palcas de sinalização - motoristas com deficiência não conseguem estacionar nas vagas especiais em Campo Grande.
As vagas do centro da Capital foram tomadas por motoristas que não possuem deficiência física.
Para vender doces no centro da cidade, o bombeiro militar aposentado
Carlos Alberto Nascimento, 51 anos, que ficou paraplégico após um
acidente de trabalho, precisa brigar com uma pessoa sem qualquer
dificuldade de locomoção por uma vaga que lhe é de direito.
“É complicado, eu nunca consegui estacionar aqui no centro. Hoje eu
preciso pagar pelo parquímetro ou colocar o meu carro em um
estacionamento particular. Isso acaba virando um empecilho”, desabafou
Carlos.
Em vários pontos da cidade, o Campo Grande News flagrou veículos sem a
identificação necessária para estacionar.
Em frente ao Ismac (Instituto
Sul-Mato-Grossense para Cegos Florivaldo Vargas) todas as vagas
destinadas aos alunos e funcionários foram ocupadas por carros sem a
identificação.
A diretora-presidente do Ismac Telma Nantes de Matos contou que os
alunos reclamaram da falta de vagas. Ela explicou que, na maioria das
vezes, o deficiente físico é o passageiro e não o motorista, mas ele
mesmo assim ele tem o direito á vaga.
“Isso é uma questão cultural. As
pessoas não tem conhecimento sobre as vagas, por isso elas não
respeitam, pois não conhecem”, admitiu.
O mesmo cenário se repetiu nas vagas do Fórum e da Escola Municipal Arlindo Lima, como já foi retratado pelo Campo Grande News.
“É difícil estacionar em frente ao Fórum”, comentou o professor e
manobrista Wilson Gonçalves Junior, 63. Ele afirmou que sempre ajudou os
deficientes e idosos que estacionam próximo ao seu local de trabalho e
disse a acessibilidade da região está errada. “A prefeitura tem que
rever estas rampas”.
De acordo com Telma, o deficiente precisa ter a cartão de
estacionamento especial ao dirigir, mas o direito a vaga é subjetivo. “É
necessário que eles procurem ter o cartão, mas todo o deficiente tem
direito a vaga, mesmo sem o cartão”, afirmou.
Conforme a Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito), em
Campo Grande há 49 vagas, o que representa 2% do total, que são
reservadas às pessoas com deficiência e com dificuldades de locomoção, e
116 para idosos (5%).
Segundo o diretor-presidente da Agetran, Jean Saliba, para estacionar
em uma vaga especial, a pessoa deve possuir a identificação. “Ele
precisa ter o cartão para comprovar que é idoso ou deficiente”,
confessou.
O motorista que não estiver portanto a credencial de estacionamento de
idoso ou deficiente, estará sujeito a uma multa leve, no valor de R$
53,20, e três pontos na CNH (Carteira Nacional de Habilitação). Em 2013 a
Agetran multou 717 motoristas por estacionar em vagas especiais para
deficientes físicos e 438 nas de idosos.
Até agora, de janeiro até março de 2014, foram multados 180 e 80
motoristas, por estacionar em vagas para deficientes e idosos,
respectivamente.
Ele admitiu que as penalidades para este tipo de infração não são
feitas constantemente. “Esses casos só conseguem detectados com
fiscalização presente, mas nós não somos onipresentes. Ainda não tem um
equipamento que pode eletronicamente a infração”, constatou Saliba.
Ele relatou que há um projeto, incluso no PAC (Plano de Aceleração do
Crescimento) do CCI (Centro de Controle Integrado) onde será colocado
câmeras de monitoramento em vários pontos da cidade para reforçar a
fiscalização.
Fonte: Campo Grande News
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