13 de mai. de 2014

‘Dediquei a minha vida aos filhos’ diz mãe de quatro pessoas com deficiência em MG

Foto de Almerinda com dois filhos cadeirantes
Existem mulheres que nascem para serem mães, que superam todas as dificuldades, que se dedicam de corpo e alma para cuidar dos filhos, que se desdobram e ficam sem dormir só para ter certeza que eles vão passar bem durante a noite. 


E mulheres que fazem isso tudo sozinhas, sem a ajuda de um companheiro. 


Um grande exemplo de mãe e de mulher é Almerinda dos Anjos, de 80 anos, que mora em Uberlândia. Dos oito filhos, quatro com deficiência física


Uma das filhas que era cadeirante morreu no ano passado. Sua vida é uma verdadeira história de luta e superação, com o objetivo de criar bem os filhos. 


“Dediquei minha vida aos meus filhos, trabalhei todos os dias para criá-los”, foi assim que Almerida começou a contar sua história.


Aos 16 anos, Almerinda foi obrigada a casar com seu primo de primeiro grau, o qual era alcoólatra e batia nela e nos filhos. Eles moravam em uma fazenda nas proximidades de Estrela do Sul. Após receber várias ameaças de morte do marido, ela foi para casa da mãe com seus filhos. 


“Eu sofri muito com ele, nós morávamos na roça e ele não deixava eu fazer cirurgia para poder parar de ter filhos. Tinha noites que eu não dormia, pois ele sentava na porta do quarto com uma faca na mão e falava que ira me matar. Depois disso, eu levei todos os meus filhos. Se eu deixasse algum filho com ele, eu sabia que iria morrer de fome”, relatou.


Com a mudança, a mãe passou a lavar e passar roupas para fora, e vendia algumas quitandas. Almerinda conta que lavava até cobertores, todos na mão. 


“Teve vezes que eu lavei mais de 20 cobertores, além de roupas, tinha que ferver tudo. Tinha dia que era mais de meia noite e todos estavam dormindo, e eu lá passando roupa, pois tinha que entregar no outro dia para conseguir pegar mais”, contou. 


Mesmo com todo o trabalho, ela levava os filhos na escola e pagava um van para levar os cadeirantes para a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae).


Os filhos cadeirantes são: Cesar, de 56 anos, Regina, de 45, e Daniel, de 43. Maria, que também era cadeirante, teve uma parada cardiorrespiratória e morreu, aos 59 anos, em novembro do ano passado.


Os três cadeirantes dependem da mãe para muita coisa. Sempre disposta e com muito carinho, ela ajuda no que é necessário. 


"Eles não deram trabalho e não dão, sempre foram muito calmos. Foi difícil na infância porque eu que cuidava de tudo, e tinha que trabalhar, pois vim para cá sem nada, só trouxe meus filhos”, contou.


Dos outros quatro filhos - José, de 62 anos, Aidel, 61 anos, Sebastião, de 48, e Andréia, de 42 -   apenas Andréia mora em Uberlândia. Almerinda conta que o José, o mais velho, ajuda muito nas despesas da casa, já que ela só vive de um salário pago pelo governo e das aposentadorias do filho César, e da mãe, que já faleceu. 


“Desde 2005, estamos tentando conseguir alguma coisa para a minha filha cadeirante, mas não conseguimos. Já paguei advogado, mas até hoje não deu em nada”, relatou.


Mesmo com 80 anos, Almerinda ainda faz quitandas e sabão. E o amor pelos filhos consegue fazer com os problemas se tornem quase imperceptíveis. 


“Fui feliz, nunca pensei no porque eu tive esse tanto de filhos, graças a Deus tive forças para cuidar de todos. Não foi fácil, mas eu tinha saúde e enfrentava o serviço. Nunca os desprezei,  por várias vezes fui correndo para o hospital quando um deles passava mal. Eu vou estar sempre ao lado deles”, finalizou.


Fonte: G1

 

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