Existem mulheres que nascem para serem mães, que superam todas as
dificuldades, que se dedicam de corpo e alma para cuidar dos filhos, que
se desdobram e ficam sem dormir só para ter certeza que eles vão passar
bem durante a noite.
E mulheres que fazem isso tudo sozinhas, sem a
ajuda de um companheiro.
Um grande exemplo de mãe e de mulher é
Almerinda dos Anjos, de 80 anos, que mora em Uberlândia. Dos oito
filhos, quatro com deficiência física.
Uma das filhas que era cadeirante morreu
no ano passado. Sua vida é uma verdadeira história de luta e superação,
com o objetivo de criar bem os filhos.
“Dediquei minha vida aos meus
filhos, trabalhei todos os dias para criá-los”, foi assim que Almerida
começou a contar sua história.
Aos 16 anos, Almerinda foi obrigada a casar com seu primo de primeiro
grau, o qual era alcoólatra e batia nela e nos filhos. Eles moravam em
uma fazenda nas proximidades de Estrela do Sul. Após receber várias
ameaças de morte do marido, ela foi para casa da mãe com seus filhos.
“Eu sofri muito com ele, nós morávamos na roça e ele não deixava eu
fazer cirurgia para poder parar de ter filhos. Tinha noites que eu não
dormia, pois ele sentava na porta do quarto com uma faca na mão e falava
que ira me matar. Depois disso, eu levei todos os meus filhos. Se eu
deixasse algum filho com ele, eu sabia que iria morrer de fome”,
relatou.
Com a mudança, a mãe passou a lavar e passar roupas para fora, e vendia
algumas quitandas. Almerinda conta que lavava até cobertores, todos na
mão.
“Teve vezes que eu lavei mais de 20 cobertores, além de roupas,
tinha que ferver tudo. Tinha dia que era mais de meia noite e todos
estavam dormindo, e eu lá passando roupa, pois tinha que entregar no
outro dia para conseguir pegar mais”, contou.
Mesmo com todo o trabalho,
ela levava os filhos na escola e pagava um van para levar os
cadeirantes para a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae).
Os filhos cadeirantes são: Cesar, de 56 anos, Regina,
de 45, e Daniel, de 43. Maria, que também era cadeirante, teve uma
parada cardiorrespiratória e morreu, aos 59 anos, em novembro do ano
passado.
Os três cadeirantes dependem da mãe para muita coisa. Sempre disposta e
com muito carinho, ela ajuda no que é necessário.
"Eles não deram
trabalho e não dão, sempre foram muito calmos. Foi difícil na infância
porque eu que cuidava de tudo, e tinha que trabalhar, pois vim para cá
sem nada, só trouxe meus filhos”, contou.
Dos outros quatro filhos - José, de 62 anos, Aidel, 61 anos, Sebastião,
de 48, e Andréia, de 42 - apenas Andréia mora em Uberlândia.
Almerinda conta que o José, o mais velho, ajuda muito nas despesas da
casa, já que ela só vive de um salário pago pelo governo e das
aposentadorias do filho César, e da mãe, que já faleceu.
“Desde 2005,
estamos tentando conseguir alguma coisa para a minha filha cadeirante,
mas não conseguimos. Já paguei advogado, mas até hoje não deu em nada”,
relatou.
Mesmo com 80 anos, Almerinda ainda faz quitandas e sabão. E o amor
pelos filhos consegue fazer com os problemas se tornem quase
imperceptíveis.
“Fui feliz, nunca pensei no porque eu tive esse tanto de
filhos, graças a Deus tive forças para cuidar de todos. Não foi fácil,
mas eu tinha saúde e enfrentava o serviço. Nunca os desprezei, por
várias vezes fui correndo para o hospital quando um deles passava mal.
Eu vou estar sempre ao lado deles”, finalizou.
Fonte: G1
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