16 de set. de 2014

Futsal colabora com evolução motora de criança com deficiência em Fortaleza, CE

Foto dos alunos jogando futsal com andador


Um aluno especial do Programa Segundo Tempo vive dias de glória graças ao esporte. A mais recente proeza do estudante Marcelo Rocha Vieira, 8 anos, ocorreu no fim de agosto, quando disputou e venceu o Circuito Caixa de Maratoninha, em Fortaleza (CE).


Sua vitória no atletismo, na categoria de deficiência motora, que caminha com a ajuda de um andador, rendeu uma bicicleta como prêmio.


E o garoto já faz planos adaptados à sua realidade. “Minha mãe vai comprar as rodinhas para que eu treine em minha bike”, revela, feliz, o irmão gêmeo da cadeirante Sara, vítima da mesma complicação.


Realizada no Parque do Cocó, na capital cearense, em 24 de agosto, a corrida contou com a participação de estudantes de 12 dos 25 núcleos do Segundo Tempo, da parceria entre o Ministério do Esporte e a prefeitura de Fortaleza.


Alem de Marcelo, José Natanael Braga, 12 anos, também do núcleo Dendê; João Lucas Lopes, 12; do núcleo Passaré, e o trio formado por Vinicius Romão, 8, Denilson Batista, 12, e Felipe Santos de Andrade, 12, do núcleo Vila do Mar, venceram o circuito e levaram para casa bicicletas.


Ao que tudo indica, correr com o apoio de um andador ou pedalar numa bike com rodinhas será “fichinha” para Marcelo, se comparado aos desafios já superados em função do esporte. 


A motivação vem da fiel escudeira e mãe, dona Maria da Conceição Texeira Rocha, 48 anos, uma ex-sacoleira que vendia roupas e abandonou o trabalho para cuidar exclusivamente dos dois filhos especiais, beneficiários do INSS com um salário mínimo cada um.


“O pai, Antônio Vieira, ajuda muito, apesar de estarmos separados, e acompanha o tratamento das crianças”, reconhece a mãe, contando que “pouco antes de completar sete meses de gravidez, tive descolamento de placenta seguida de hemorragia, gerando falta de oxigênio no cérebro e paralisia cerebral. O problema atingiu a parte motora dos meus dois filhos”, recorda emocionada, a dona de casa.


Esporte e saúde


A rotina de Marcelo é disciplinada e repleta de afazeres. Inclui de consultas com fisioterapeutas, pediatras e neurologistas no hospital Sarah Kubitschek, às aulas no Colégio Pensador, onde cursa o 1º ano do ensino fundamental. A prática esportiva é uma determinante na vida do aluno do Programa Segundo Tempo.


Além de treinar caratê no projeto do Centro de Inclusão Tecnológica e Social (CITS), da prefeitura, e da terapia ocupacional oferecida pela Faculdade Cristo, o pequeno se torna um gigante quando o assunto é futsal.


No núcleo Dendê do Programa Segundo Tempo, instalado no ginásio poliesportivo da Universidade de Fortaleza (Unifor), Marcelo é um dos 100 beneficiados com a prática de futsal. 


Na unidade que tem como coordenador de núcleo Carlos Kleber Bezerra Campos, as aulas acontecem às terças e quintas-feiras, das 13h às 16h, em turmas para alunos de 7 a 9 anos, de 10 a 12 anos e de 13 a 17 anos.


A evolução no futsal é visível. “Os dez primeiros passos contínuos que Marcelo deu sozinho, sem o auxilio do aparelho, foi treinando futebol. Ele ganhou uma bola do professor Kleber e com ela também treina em casa e consegue se equilibrar”, comemora, orgulhosa, Maria da Conceição.
 

Talento e inclusão


Normalmente jogado com cinco atletas por equipe, sendo quatro atletas na linha e um goleiro, o futsal do Segundo Tempo foi adaptado para receber um jogador a mais em cada time, totalizando equipes com seis atletas. “A quadra oficial funciona como universo gigante para nossos pequeninos”, explica Kleber.


Já o coodenador-geral da parceria PST/Prefeitura de Fortaleza, Igor Pinheiro, destacou o espírito coletivo e a amizade da turma. Conta que os demais colegas de Marcelo o acolheram e entendem as suas limitações, numa ação em que prevalece o espírito de equipe.


A maior prova de incentivo e de amizade das demais crianças vem na hora de cobrar o pênalti, o escanteio, a lateral e a falta. Nesses momentos, Marcelinho é sempre o escolhido para a função.


“Ao contrario das disputas na quadra, quando ele corre com auxilio do andador, nessas horas ele é então o privilegiado. Nosso garoto bate as cobranças, sem o uso do andador, e, ao se equilibrar sozinho, confirma o talento para o esporte”, afirma Pinheiro.





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