Eles falam com as mãos, com os olhos e por que não, com a boca? Pesoas com deficiência auditiva e de fala conseguem ser mais expressivos que muita gente, já que a Língua Brasileira de Sinais (Libras)
contempla também as expressões faciais. Mas este não é o maior problema
para eles.
A dificuldade está em ser “ouvido” e se fazer entendido. Trata-se de um universo de 9,7 milhões de pessoas no País. A Associação
dos Surdos de Manaus (Asman) contabiliza 1,4 mil deficientes auditivos
registrados.
Por conta disso, 49 servidores da Prefeitura de Manaus
estão sendo capacitados em Libras, em um curso intensivo com carga
horária de 30 horas/aula.
De acordo com a diretora de Educação e
Aprendizagem da Fundação Escola de Serviço Público (Fespi) da Prefeitura
de Manaus, Andreia Brasil, as inscrições tiveram que ser limitadas,
tamanha a procura pelo curso.
Para a técnica em enfermagem Jucilene Gonçalves, aprender a técnica de
comunicação com as mãos foi mais do que garantir a inclusão das pessoas
que ela possa vir a atender no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência
(Samu).
“Eu consegui me comunicar com meu filho”, disse. Mãe de um
menino de 12 anos com deficiência auditiva e da fala, somente agora ele
começou a ser alfabetizado, graças à linguagem que a mãe ensina para ele, a
partir do que aprendeu em sala de aula.
“Tudo o que eu aprendo aqui, passo para ele e é incrível como ele
aprendeu. Antes, só conseguíamos nos entender por conta do hábito que
tínhamos dentro de casa, com o dedo apontando para as coisas”.
Atualmente ele estuda na escola municipal de Educação Especial André
Vidal Araújo, que desenvolve trabalhos referentes à modalidade de
Educação Especial, com o objetivo de fomentar a educação inclusiva.
O filho de Jucilene já começou a aprender a ler. “Hoje eu consigo
entender o meu filho. Pretendo estudar até o nível avançado”, disse a
técnica em enfermagem que está no nível básico.
O objetivo, de acordo com a diretora Andreia Brasil, é capacitar os
servidores para o atendimento inclusivo.
“Temos alunos que trabalham no
Parque dos Bilhares, na secretaria de saúde, de educação, com
cadastramento e atendimento de Bolsa Família, do Bolsa Universidade,
todo um universo que precisa se adaptar para atender o portador de
deficiência auditiva”, disse.
Linguagem baseia-se em 5 pontos
Professora da Língua Brasileira de Sinais (Libras) há 24 anos, Ester
Barbosa explica que o curso normalmente tem duração de três meses, mas
no caso dos servidores da Prefeitura, ele é mais funcional, voltado para
as questões práticas do dia a dia.
“Eles aprendem perguntas como ‘qual o seu nome’, como ‘falar’ os
documentos que existem, a idade, a prestar informações sobre
atendimento, horário, linhas de ônibus e pontos turísticos, entre outras
coisas”, explicou Barbosa.
Além disso, eles aprendem as letras do
alfabeto para que, no caso de falta de um sinal que corresponda a alguma
informação, a palavra seja soletrada.
Ela explica que a linguagem de sinais está baseada em cinco parâmetros:
a configuração da mão (forma das mãos: os destros utilizam-se da
direita e os canhotos, da esquerda); ponto de articulação (lugar onde a
mão configurada é posicionada); movimento (o sinal pode ou não
apresentar movimento); orientação/direção (os sinais têm uma direção e
estão relacionados à palma da mão); além da expressão facial e/ou
corporal (de fundamental importância para o entendimento da entonação de
voz).
Fonte: http://acritica.uol.com.br
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