Desde de 1993, um grupo do Núcleo de Computação Eletrônica da UFRJ se dedica a desenvolver programas voltados para pessoas com deficiência.
O projeto rendeu a criação vários softwares, dentre eles o Dosvox, voltado para pessoas cegas, e o Motrix, produzido pensando em usuários com deficiências motoras graves. Todos são gratuitos e compatíveis com Windows.
O Dosvox já é um programa conhecido e seus usuários realizam,
inclusive, encontros anuais.
O software tem cada vez mais aplicativos,
com funções como agenda, calculadora, editor e leitor de textos,
formatador para Braille, jogos, programas multimídia,
utilitários de internet e outros.
As aplicações são acessadas por meio
de teclas específicas do teclado. O Dosvox, então, faz perguntas e
confirma as ações tomadas por quem o utiliza.
A aluna de comunicação da UERJ Daniela Tavares é usuária do programa e trabalha com comunicação nos projetos de acessibilidade
da UFRJ.
Com um tipo de degeneração na retina, a estudante usa o
aplicativo principalmente para ler textos da faculdade e anotar
telefones e compromissos na agenda. “O editor de texto, similar ao Word,
também ajuda”, explica.
Já o Motrix começou a ser desenvolvido em 2002, para permitir que
pessoas com deficiências motoras graves tivessem acesso a computadores.
“Lenira, uma médica tetraplégica, há muitos anosnos
procurou com a ideia de criar uma forma de acionar o computador com a
voz”, conta o professor José Antônio Borges, coordenador do projeto do
NCE/UFRJ.
O programa cumpre exatamente esta função. Ao pronunciar determinados
comandos em inglês em um microfone, a pessoa é capaz de exercer funções
simples no aparelho, como mexer o cursor do mouse e acionar aplicações
do Windows. O usuário consegue ainda soletrar para o computador, mas o
processo é lento, de letra por letra.
Por mais que já existam muitas alternativas de reconhecimento de voz no
mercado, Borges afirma que o software ainda não conseguiu se tornar
mais completo porque essas tecnologias são caras.
“Nosso programa tem
que ser gratuito para ser acessível a todos e, por isso, acaba sendo
mais precário”, explicou.
Vítima de bala perdida na Estácio de Sá foi beneficiada com o projeto
Há exatos 10 anos, Luciana Novaes foi vítima de uma bala perdida na universidade Estácio de Sá,
onde estudava enfermagem.
Na época com 19 anos, a jovem ficou
tetraplégica e teve que passar um ano e nove meses no hospital. Hoje,
ela faz parte da Coordenadoria Geral de Direitos Humanos, da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social da Prefeitura do Rio de Janeiro.
Novaes lembra que enquanto ainda estava no hospital, o professor José
Antônio Borges a procurou para ajudá-la.
Como a estudante ainda não
tinha recuperado a voz, o grupo desenvolveu um software similar ao
Motrix, chamado de MicroFênix, mais específico para pessoas com
dificuldade na fala.
O programa era capaz de responder a comandos de sons específicos que a
jovem conseguia fazer. Deste modo, ela conseguia, ao menos, acompanhar
as redes sociais e ler notícias na internet. “Quando ele levou o
aplicativo no hospital, eu comecei a ver um outro mundo além do quarto”,
revelou.
Atualmente, Novaes não utiliza mais o auxilio de programas para acessar
o computador.
“Como preciso de mais agilidade, algumas pessoas me
ajudam nesta tarefa”, explica. O Motrix, no entanto, foi útil durante a
graduação da jovem em Serviço Social, concluída em 2012. Nessa fase, ela
já utilizava a versão tradicional, acionada pela voz.
Para ampliar o acesso de pessoas aos Programas de Acessibilidade, os pesquisadores, em parceria com um projeto da Universidade Federal do Amazonas, buscam uma solução para os comandos serem todos realizados em português. Assim, a inclusão será ainda mais completa.
Quem tiver interesse em usar os programas citados nesta matéria ou algum outro desenvolvido pelo projeto, basta acessar o site dos Projetos de Acessibilidade do Núcleo de Computação Eletrônica (NCE/UFRJ).
Fonte: TechTudo
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