A Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) pediu explicações à Azul Linhas Aéreas por ter impedido o embarque de três cegos em um voo de Ribeirão Preto (313 km de São Paulo) a Belo Horizonte (MG), no último domingo (19).
Os deficientes visuais participaram de um campeonato em Altinópolis, no
final de semana, e estavam na sala de embarque do aeroporto Leite
Lopes, em Ribeirão, quando foram impedidos pelo comandante de entrar na
aeronave.
A empresa alegou motivo de segurança para a medida. Os três foram
encaminhados para um hotel da cidade e embarcaram no dia seguinte, porém
em três voos diferentes. O último só conseguiu entrar no avião rumo a
Belo Horizonte 24 horas depois do primeiro voo.
Segundo os cegos, a Azul agiu com preconceito e não ofereceu alternativas ou um questionário onde pudessem informar sobre o problema.
Segundo os cegos, a Azul agiu com preconceito e não ofereceu alternativas ou um questionário onde pudessem informar sobre o problema.
A empresa nega. Um deles afirmou que vai solicitar indenização à
Justiça por danos morais sofridos. "Houve constrangimento porque nos
impediram de embarcar na sala de embarque.
Vou entrar na Justiça com uma
ação por danos morais para que esse preconceito não se repita", disse o
analista de sistemas Crisolon Terto Vilas Boas, 54.
Ele afirmou que já viajou a 28 países e que essa foi a primeira vez que
foi barrado. "Nunca tive problema e nunca fui perguntado se era
deficiente.
Em algumas ocasiões [em voos em outros países], houve
reforço na tripulação." Vilas Boas contou inclusive que, num campeonato
de xadrez para pessoas com deficiência visual na Polônia, um grupo de
192 cegos pegou um único voo da Air France com destino à Alemanha e que
não houve incidente.
"Sou 100% cego e não preciso de ajuda para me locomover. Sempre viajei
sozinho e não teria problemas dessa vez", disse ele, que embarcou apenas
às 18h de segunda-feira (20).
'VETO SEM MOTIVO'
O enxadrista Davi de Souza Lopes, 36, afirmou que viaja muito e que
nunca havia passado por essa situação. "Apesar de ser 100% cego, tenho
uma mobilidade muito boa, uma noção de espaço boa."
Ele contou que as empresas aéreas têm que ter uma atenção maior com
deficientes, mas que houve exagero da Azul. "A atenção é a mesma para os
cegos. Se conduz um, conduz dois, três, cinco. Na prática, essa
proibição não tem motivo", disse.
A terceira enxadrista, a assistente de vendas Priscila Melo Cândido,
21, afirmou que comprou o bilhete pela internet e que em nenhum momento
foi questionada se ela é deficiente visual.
Um estudo realizado no aeroporto Leite Lopes, em Ribeirão Preto,
apontou que dos 26 pontos verificados quanto a conforto, segurança e
acessibilidade, 13 foram classificados insuficientes.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br
Cada dia me surpreendo mais com o serviço brasileiro. Preconceito e despreparo numa proporção gigantesca. Triste demais
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