Há pouco mais de um ano o pequeno Felipe chegou à EM "Hélio Rosa Baldy", do Jardim São Guilherme 3, em Sorocaba (SP).
Junto com as dificuldades e limitações impostas pela mielomeningocele (deficiências múltiplas),
o garoto de 7 anos carregava o grande desejo de estudar, de aprender e
conviver com outros garotos.
Foi recebido pela professora Débora Cardoso
Rodrigues, uma das especialistas em educação inclusiva da rede municipal, e sua vida começou a mudar.
Hoje, ele escreve e lê normalmente, não perde um só dia de aula e com
ajuda da Sala de Recursos Multifuncionais consegue acompanhar os demais
coleguinhas.
A dedicação e força de vontade do menino para aprender
deixam orgulhosa também a professora Adriana Gomes Traghetta Guidone,
que trabalha com ele em classe. "Ele tem suas limitações e as vezes
temos de adaptar tarefas para que consiga fazê-las, mas surpreende no
desempenho", conta Adriana.
Aos 13 anos, Pedro conquistou o respeito e a admiração da equipe escolar e dos colegas da 8ª série da EM "Matheus Maylasky".
A paralisia cerebral
comprometeu por completo o movimento de seus membros inferiores e
superiores, impedindo que possa se locomover ou escrever com as mãos.
Com isso, para poder frequentar a escola, Pedro necessitava da ajuda
permanente de uma auxiliar de educação que escrevia as lições passadas
pela professora.
Sua vida começou a mudar no início do ano passado, quando recebeu um
notebook e com esse equipamento ganhou a autonomia de poder estudar
sozinho, fazer as lições.
O nariz substitui os dedos para a digitação,
enquanto o queixo controla o mouse. Seu desempenho nos estudos enche de
orgulho não só a professora, Rosi Cruz Alexandre, a auxiliar Vilma
Bombardelli, que o acompanha em classe, como também os demais
educadores.
Inclusão é realidade
Pedro e Felipe estão entre as 328 crianças com deficiências, que
frequentam a escola e estudam normalmente, graças ao trabalho
desenvolvido em parceria pela equipe multidisciplinar do Centro de
Referência em Educação (CRE), com gestores das unidades escolares e os
professores que atuam no ensino regular nas escolas municipais.
A
secretária municipal da Educação, Dulcina Guimarães Rolim, ressalta o
trabalho dos profissionais do CRE, que garante a essas crianças e
adolescentes não só frequentar a mesma classe, mas acompanhar o mesmo
nível de desenvolvimento dos demais alunos.
Moradora no Jardim Santa Cecilia, Zona Norte de Sorocaba, Cristiane
Queiroz de Jesus, vibra a cada avanço, a cada conquista do filho Felipe.
"Antes era difícil, ele queria ir à escola, mas não podia, porque não
desenvolvia, não conseguia acompanhar, ficava triste. Hoje ele é
alfabetizado, é outra criança. Tem até facebook para conversar com os
amiguinhos", revela feliz.
Já Ezoil Benitez conta que o computador portátil se tornou as mãos e o
caderno, um instrumento essecial na vida do filho Pedro. Graças ao
equipamento cedido pelo Centro de Referência em Educação, pode fazer as
lições e tirar boas notas, às vezes, superior aos demais alunos da
classe. "Tratamos normalmente e exijo sempre boas notas dele na escola",
afirma Benitez.
Escolas preparadas
Atualmente, são 29 escolas municipais equipadas e preparadas, que contam com o suporte da Sala de Recursos, criadas pelo Centro de Referência em Educação.
Consiste na realidade em um espaço dotado de equipamentos voltados à acessibilidade, onde crianças que apresentam alguma deficiência podem estudar normalmente e o que é melhor, aprender ao lado das outras.
Atualmente, são 29 escolas municipais equipadas e preparadas, que contam com o suporte da Sala de Recursos, criadas pelo Centro de Referência em Educação.
Consiste na realidade em um espaço dotado de equipamentos voltados à acessibilidade, onde crianças que apresentam alguma deficiência podem estudar normalmente e o que é melhor, aprender ao lado das outras.
Assim como Débora, outras 9
professoras do município fizeram o curso Atendimento Educacional
Especializado (AEE), desenvolvido pelo Ministério da Educação.
Além dos alunos da EM "Hélio Rosa Baldy", Débora atende também 14
crianças de unidades de bairros vizinhos. Juntamente com os
profissionais do Centro de Referência (fisioterapeutas, psicopedagogos,
terapeutas ocupacionais e professores), entre outros, é estabelecido um
plano de atendimento para cada aluno, respeitando suas dificuldades e
habilidades.
As vezes demanda a aquisição de equipamentos diferenciados para que a
criança tenha condições de estudar, como é o caso de Pedro.
Pode ser uma
cadeira especial, uma cadeira de rodas, uma mesa, um computador com
configuração diferente ou utensílios. Toda essa preocupação é para que o
mesmo trabalho aplicado aos demais alunos, possa ser acompanhado por
aquele que tem alguma deficiência.
"Essa é uma das ações do Centro de
Referência que busca uma educação de qualidade na perspectiva
inclusiva", afirma Miriam Rosa Torres de Camargo, responsável pelas
Salas de Recurso Multifuncional.
Trabalho diferenciado atende 328 crianças
Funcionando na rede municipal desde 2010, as Salas de Recursos foram responsáveis por mais de 10 mil atendimentos só em 2012.
Trabalho diferenciado atende 328 crianças
Funcionando na rede municipal desde 2010, as Salas de Recursos foram responsáveis por mais de 10 mil atendimentos só em 2012.
Atualmente, são
328 crianças e jovens do ensino infantil, fundamental I e II, ensino
médio e EJA, beneficiadas com esse trabalho diferenciado, realizado por
profissionais especializados. "A inclusão é o melhor caminho.
Aprender
com as outras crianças, observar os demais alunos pode mudar a vida
dessa criança e da escola toda", afirma a professora Débora.
Na rede municipal de ensino, a inclusão esteve sempre presente, porém a
partir de 2009 por meio das ações da equipe multidisciplinar e dos
programas desenvolvidos pela Secretaria da Educação, os alunos com
necessidade educacional passaram a receber, por meio das salas de
recursos multifuncionais, o apoio que é essencial para o seu
desenvolvimento escolar no ensino regular.
A rede foi dividida em
setores, visitados regularmente pelas equipes, que trabalham
individualmente cada aluno e com isso garantindo não só a frequência a
sala de aula, mas também o aprendizado.
Além da capacitação contínua, professores que trabalham com esses
alunos, recebem apoio integral dos profissionais do CRE, especialistas
como: pedagogos, psicopedagogos, psicólogos, fonoaudiólogos,
fisioterapeuta, terapeutas ocupacionais e assistentes sociais, que atuam
em sintonia com os educadores (professores, diretores, coordenadores e
supervisores).
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