24 de jul. de 2013

Nova marca põe biamputado Fonteles em nível de final olímpica com Bolt

Alan Fonteles faz pose ao lado do letreiro que traz seu tempo: 20s66


O Mundial Paraolímpico disputado nesta semana em Lyon terminará com a distância encurtada entre atletas com algum tipo de limitação física e aqueles em perfeitas condições. 

Tudo graças ao brasileiro Alan Fonteles, biamputado, que aos 20 anos conseguiu bater o recorde dos 200 m e alcançar um patamar de final olímpica.

No domingo Fonteles venceu os 200 m com tempo de 20s66, quebrando o recorde que pertencia ao sul-africano Oscar Pistorius (categoria T43, para biamputados). Com a marca histórica, o jovem brasileiro se dá ao luxo de sonhar com competição entre os atletas sem prótese. 

Neste patamar, hipoteticamente, seria o quarto colocado do Troféu Brasil 2013 e chegaria à frente do oitavo lugar na final olímpica de Londres-2012, vencida pelo ídolo Usain Bolt.



Se tivesse disputado a final de Londres, em uma hipotética nona raia, Fonteles bateria o sul-africano Anaso Jobodwana, que registrou 20s69. No entanto, Bolt ganhou o ouro olímpico em um patamar ainda bem superior, com 19s32.

Ainda no confronto com os tempos registrados em Londres, o brasileiro paraolímpico passaria raspando pela primeira bateria eliminatória. No entanto, com seus 20s66, Alan cairia na semifinal [a pior marca da série foi de 20s37].

Por sua vez, no último Troféu Brasil realizado em São Paulo, no mês de junho, apenas três dos oito finalistas tiveram tempos melhores que o novo recorde mundial de Fonteles. Bruno Lins venceu a prova com 20s33.

Em entrevista ao UOL Esporte em 2012, semanas antes dos Jogos de Londres, Fonteles havia descartado a possibilidade de um dia se arriscar contra atletas sem prótese em uma Olimpíada. 

No entanto, admitiu que poderia tentar o confronto em eventos menores. "Eu já competi em competições convencionais, da Federação Paulista, já ganhei algumas baterias em minha prova. Mas eu não penso em chegar em uma Olimpíada", disse, à época.

Nos últimos dias na França o atleta reforçou a intenção, mas ainda sem pretensões olímpicas. 

Segundo Fonteles, a aventura poderia se dar, inicialmente, na disputa de uma edição do Troféu Brasil.
 

ABISMO NOS 100 M É HOJE INALCANÇÁVEL


Se na disputa dos 200 m Alan Fonteles se aproxima de um padrão olímpico, a comparação nos 100 m é diferente. 

O brasileiro venceu a final do Mundial de Lyon (T43) na última terça-feira com o tempo de 10s80. O jovem é também o recordista da prova, com 10s77, ainda degraus abaixo dos melhores atletas sem prótese.

De acordo com especialistas, a defasagem de arrancada de atletas com prótese impede essa aproximação entre os mundos olímpico e paraolímpico, nos 100 m. Esta é a visão de Victor Fernandes, técnico de velocidade da equipe da BM&F, que eventualmente cede instalações para treinos de Fonteles em São Caetano do Sul.

"Com as próprias próteses, observando a corrida dele e a do Pistorius, facilita velocidade já lançada. A aceleração para os biamputados é mais atrasada. A prótese ajuda muito, na velocidade elástica. O atleta sem prótese tem o músculo com fadiga em certa altura da prova, enquanto que a prótese vai devolvendo elasticidade. É devolução de energia. Isso para provas de distância mais longas, 200 m e 400 m, é mais expressivo. A aceleração é mais decisiva para os 100 m", diz o treinador da BM&F, auxiliar do consagrado técnico da seleção Katsuhico Nakaya.

 
PRÓTESES POLÊMICAS MARCAM FASE DE CONQUISTAS


Nos Jogos de Londres do ano passado, Alan Fonteles lidou com desconfiança do seu principal adversário, Oscar Pistorius. 

O antigo rei das provas de velocidade do universo paraolímpico externou sua reticência em relação às próteses do brasileiro. Segundo o sul-africano, elas tornavam o paraense significativamente mais alto e conferiam a ele uma vantagem incomum nos metros finais de prova.

Na oportunidade, o técnico brasileiro Ciro Winckler admitiu que Fonteles havia ganhado altura com as próteses de Londres. No Mundial do ano anterior o jovem havia competido com 1,76 m, enquanto que na Olimpíada já corria com 1,81 m. No entanto, justificou o profissional, tudo dentro das normas do Comitê Paralímpico Internacional.

Hoje afastado, em razão de uma acusação de assassinato, Pistorius foi batido por Fonteles na final paraolímpica dos 200 m (T44, amputados), ficando com a prata.

Até as vésperas dos Jogos de Pequim, em 2008, Fonteles corria com próteses de madeira. Antes da última Olimpíada, no entanto, o brasileiro evoluiu para um modelo de ponta, fabricado na Islândia.

Fonteles volta à pista no Mundial de Lyon para mais duas provas. Na quinta e sexta-feira o brasileiro disputa os 400 m (T43/44) e no sábado integra a equipe do país no revezamento 4x100 m.

Fonte: UOL Esporte

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