2 de out. de 2014

Bibliotecas públicas serão referência em acessibilidade no país

Foto de um livro escrito em braile 


Até abril de 2015, dez bibliotecas públicas no país ganharão qualificação profissional, melhorias no acervo e novas tecnologias para que sejam totalmente acessíveis a pessoas com deficiência.








O objetivo é que se tornem referência e multiplicadoras para as outras cerca de seis mil bibliotecas públicas do país.



Com investimento de R$ 2,7 milhões, a iniciativa faz parte do edital do Ministério da Cultura (MinC) para garantir maior acesso à cultura. Serão beneficiadas instituições em todas as cinco regiões do país.



Segundo últimos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), do censo de 2010, há, no Brasil, 45,6 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência, o que representa 23,9% da população. A convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência garante o direito à cultura, ao lazer e ao entretenimento.



A Mais Diferenças, Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), será responsável pela adequação das bibliotecas. O primeiro passo foi a elaboração de um diagnóstico geral das instituições. 


"Esse diagnóstico vai ajudar muito na segunda fase do projeto que já tem plano de ação: a formação e capacitação das equipes", explica Carla Mauch, coordenadora da Mais Diferenças e responsável pela execução do projeto. 


"Ficamos na biblioteca, conversamos com várias pessoas, desde secretário de cultura até usuários com deficiência, incluindo os funcionários", completa.



Após a qualificação profissional, a ação será dirigida a mudanças no acervo, tornando-os acessíveis. 


"A ideia é avançar. Não pensar somente no livro em Braille - que já está disponível em algumas bibliotecas - mas pensar também, por exemplo, no livro digital bilíngue (português e libras). Queremos também ampliar a acessibilidade a todos os públicos com deficiência, não apenas a visual', explica Carla Mauch.


Tecnologia assistida



Outra etapa do projeto consiste na aquisição de tecnologia assistida, com recursos que permitam que as pessoas com deficiência tenham acesso ao conteúdo da biblioteca. Exemplos disso são as impressoras em braile, leitores de tela, teclados colmeia e aplicativos diversos.



Entre os grandes objetivos está também o de possibilitar a criação de redes entre profissionais, bibliotecas, setores culturais, políticas públicas federais e estaduais. Para Rosália Guedes, consultora do projeto, a troca de experiência e o trabalho em rede certamente contribuirão para a ampliação da acessibilidade nas bibliotecas.



A Mais Diferença quer montar um análise mais ampla sobre o tema. Para isso, elaborou um questionário direcionado a todas as bibliotecas e que servirá de base para a realização do Diagnóstico Nacional de Acessibilidade em Bibliotecas Públicas. A instituição também criará um site acessível com manual para as demais bibliotecas.



Com a pesquisa, o Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas (SNBP) e a Mais Diferenças desenharão, ao fim do projeto, diretrizes nacionais para as políticas públicas de acessibilidade em bibliotecas públicas brasileiras. 


"Cada biblioteca foi ouvida na sua essência para construção de algo melhor: a inclusão de todas as pessoas. Nesse trabalho, vivi o Brasil de muitas diversidades. Encontrei muitas pessoas que trabalham pensando no outro, que trabalham para o outro. Há espaços maravilhosos em que a biblioteca pública cumprirá seu papel, que é o da democratização de acesso a informações e à cultura a todos os brasileiros", conta Rosália, sobre a primeira etapa do projeto.






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