1 de out. de 2014

Sessão para pessoas com deficiência visual deixa céu 'ao alcance das mãos' em Vitória, ES

Foto de um visitante tocando um globo tátil


Ter o céu ao alcance das mãos, poder conhecer o terreno irregular da lua, ou o caminho traçado pelo sol não é mais tarefa de um astronauta sonhador qualquer. 


Com um pouco de imaginação e criatividade, a viagem pelo espaço pode acontecer em um lugar mais acessível e sem nem precisar sair do chão: no Planetário de Vitória


Com o intuito de atender pessoas com deficiência visual e baixa visão, uma sessão do Planetário foi adaptada e agora dá aos que não podem enxergar o céu, a oportunidade de senti-lo. A novidade foi inaugurada no último dia 22.


Para atender essas pessoas, foram desenvolvidos vários materiais didáticos exclusivos. Na sessão “Universo ao alcance das mãos”, os visitantes assistem a um teatro de sombras baseado no livro "As Estrelas e o Telescópio", do escritor Monteiro Lobato. As cenas são acompanhadas de audiodescrição, que situa os visitantes na história.


Depois do teatro, os participantes podem aprofundar o entendimento com  um livro tátil para pessoas com deficiência visual; um livro adaptado para pessoas com baixa visão (ambos inspirados no teatro das sombras); dois painéis táteis em alto-relevo e em alto-contraste visual, explicando as fases da lua; cinco placas em alto-relevo representando a evolução tectônica do planeta Terra; dois globos táteis, um com os continentes da Terra em alto-relevo e outro com o interior do planeta e uma caixa simulando o nascer e o pôr do Sol (dia e noite).


A professora especializada Rosane Tristão, responsável por desenvolver o projeto, destacou a importância da iniciativa. 


“Não adianta nós termos um espaço acessível, com rampa, por exemplo, se o conhecimento não é acessível a todos”, disse. 


Ela contou que tudo foi muito bem pensado para que os visitantes pudessem compreender a sessão em sua totalidade.  


"Esses conteúdos precisaram ser adaptados para que cegos e deficientes visuais pudessem acompanhar a sessão junto de quem é vidente. 


O maior desafio foi adaptar as informações sobre astronomia que são projetadas no teto da cúpula e no teatro de sombras em objetos táteis", contou.


Inquieto, o simpático Leandro Alves, de 16 anos, nem parece ter deficiência visual. Enquanto brincava e implicava com os demais colegas, ele contou que pertence ao grupo que ajudou a adaptar a sessão para os deficientes visuais. 


“Primeiro a gente participou da sessão não adaptada e aí fomos ajeitando, falando o que dava pra entender ou não. Agora, depois de adaptado, tá cheio de coisa que antes a gente não tinha como entender”, disse.


Para ele, a principal surpresa foi descobrir que da Terra só podemos ver uma “parte” da lua. 


“Peguei a lua (objeto pertencente à sessão que reproduz a forma e a textura do satélite) e vi que de um lado ela era toda irregular, cheia de buracos. De outro, estava lisa. Perguntei e aí me explicaram que é porque só dá para ver um lado da lua”, explicou.


Para Pedro Henrique, de 14 anos, a experiência ajudou a entender melhor o que ele já aprende em sala de aula. 


“Antes não tinha como saber direito como é. Na sessão adaptada dá pra entender, então vou chegar na escola e ter um entendimento melhor”, contou.  


Rafaela da Silva, de 14 anos, tem baixa visão, pois enxerga apenas com um dos olhos, e contou com as maquetes para ativar a memória. “Não lembrava que a lua tinha quatro fases”, disse, referindo-se às diferentes formas da lua, que foram exemplificadas em uma espécie de painel em alto relevo.


A pedagoga Bernardete Sessa, que é voluntária no Instituto Braile, ressaltou a função do projeto. “Tem uma importância fundamental na inclusão. Em muitos casos, a inclusão total ainda está muito longe de existir”, disse.


Fonte: G1


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