Dois professores de Ourinhos (SP) desenvolveram um aplicativo para facilitar a vida das pessoas com deficiência visual.
Usando a voz, eles podem postar conteúdos nas redes sociais, ter acesso às informações e conhecer objetos por meio de narrações.
Lisandra Correia consegue se manter informada pelo celular mesmo sendo
cega. Ela nasceu com ritinose pigmentar, uma doença hereditária que não
tem cura. O aplicativo Websonora é
direcionado para pessoas que não enxergam.
O sistema permite que, por
meio de um comando dado com a voz, ela consiga que o celular execute
algumas funções. “Antes, por mais tecnologia que você tivesse, você não
conseguia chegar a um aplicativo de maneira acessível, fácil.”
Guilherme Orlandini e Gilson Aparecido Casatadelli são professores de
ciências da computação e pensaram em dar voz à internet, como em um
bate-papo.
No entanto, a tecnologia da época não ajudava. “Uma vez que
nós percebemos a possibilidade deste software evoluir com nosso
trabalho, começamos nosso trabalho com algumas pessoas com deficiência
visual para que pudéssemos ter uma interface mais natural possível de
acessos às informações”, conta Guilherme.
O aplicativo já está disponível em duas versões, uma gratuita e outra
paga. O usuário também pode sugerir conteúdo. Lisandra, por exemplo,
gosta de arte e com o "wik sonora", uma espécie de enciclopédia, pode
imaginar um dos quadros mais famosos de Vincent Van Gogh, o “Girassóis”,
por meio da descrição de voz do aplicativo:
“O quadro apresenta um vaso
de barro disposto ao chão, tendo ao fundo uma parede azul desgastada
pelo tempo, com girassóis amarelos dispostos de modo simétrico, maiores,
menores e em diferentes posições.”
Para chegar a esse resultado e permitir que Lisandra e outros
deficientes visuais pudessem interagir mais com a internet foram cinco
anos de pesquisas e meses de trabalho para deixar a linguagem do
aplicativo mais simples para aos deficientes visuais.
No Brasil, quase um 1,7 milhão de pessoas têm algum tipo de problema na
visão, segundo a Organização Mundial de Saúde.
O trabalho dos
professores tentam levar informação à quem não tem acesso. “O mais
importante é que as pessoas tenham acesso e acessibilidade às
informações e possam construir sonhos. Possam utilizar a tecnologia como
meio. Esse é o propósito de qualquer pessoa que trabalha com
tecnologia”, acredita Gilson.
Os professores também dizem que ainda falta muito para que o aplicativo
fique perfeito e, para isso, a colaboração dos usuários é muito
importante.
“Quanto mais as pessoas colaborarem com sugestões, opiniões e
conteúdo para que o deficiente visual tenha acesso as informações,
melhores serão os resultados”, afirma Gilson.
Fonte: G1
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